Quem passava pela BR-364, em Rio Branco (AC), e via a barraca de frutas de Roseli Araújo Pereira, dificilmente imaginava que entre caixas de bananas e sacolas de laranjas existia um grande sonho guardado: o de se tornar professora.
Aos 40 anos, Roseli não queria apenas garantir o sustento da família com a venda de frutas. Queria mudar de vida por meio da educação. E conseguiu.
Nascida em uma família humilde, ela precisou abandonar os estudos ainda na 4ª série e ficou 15 anos longe da escola. Mas a vontade de aprender nunca deixou de pulsar.
“Eu achava muito difícil, quase impossível. Mas dentro de mim existia aquela vontade de mudar de vida, de melhorar, de sair daquela situação”, lembra Roseli.
Em 2011, ela decidiu recomeçar. Voltou à escola, concluiu o ensino fundamental e o médio, e conseguiu uma bolsa integral do ProUni para cursar Pedagogia. A rotina, no entanto, era exaustiva: de madrugada, ia ao Ceasa comprar frutas; durante o dia, trabalhava na barraca; e nos intervalos, estudava.
A rotina de Roseli Araújo Pereira era marcada por esforço, fé e muita determinação
Ainda de madrugada, enquanto a cidade dormia, ela seguia para o Ceasa, onde comprava frutas frescas para abastecer a barraca instalada às margens da BR-364, em Rio Branco (AC). De volta ao ponto de vendas, passava o dia inteiro trabalhando, atendendo os clientes com simpatia e dedicação.
Mas, mesmo entre o vai e vem das vendas, Roseli nunca deixava os estudos de lado. Nos intervalos, abria seus livros e cadernos e transformava caixotes de banana em mesas improvisadas, onde revisava conteúdos e fazia anotações.
Quando o movimento diminuía, ela conectava o celular e assistia às aulas online direto da banca de frutas, cercada por caixas e o aroma das mercadorias.
Essa rotina exaustiva se repetia diariamente, mostrando que o sonho de se tornar professora era maior do que qualquer cansaço. Cada madrugada no Ceasa, cada cliente atendido e cada página estudada representavam mais um passo rumo à conquista que mudaria sua vida.
“Às vezes, não dava tempo de ir pra casa. Eu estudava lá mesmo, no meio das frutas. Levava meus livros, apoiava nos caixotes e seguia firme, com esperança de que um dia daria certo. Era cansativo, mas eu sabia que não podia desistir”, conta.
A perseverança deu resultado. Depois da graduação, Roseli concluiu três pós-graduações e decidiu enfrentar o desafio de um concurso público para professora. Mesmo com sintomas de dengue no dia da prova, ela não desistiu — e conquistou o 4º lugar na seleção. 🏆
“Foi uma alegria imensa, a realização de um sonho”, comemora emocionada.
Hoje, Roseli é exemplo de superação e prova de que nunca é tarde para recomeçar. A ex-vendedora de frutas se tornou professora e inspira outras mulheres a acreditarem em seus sonhos — mesmo quando tudo parece impossível.
“Eu sempre digo: a educação muda tudo. E mudou a minha vida.”
Fonte: Da Redação com informações do g1
Foto: Reprodução Redes Sociais
