Velório de Zé do Caixão tem tom de espetáculo e selfies em série de fãs

Uma romaria gótica mudou a rotina do Museu da Imagem e do Som de São Paulo nesta quinta-feira. O velório do cineasta José Mojica Marins, mais conhecido pelo nome do personagem Zé do Caixão, foi aberto pouco antes das 17h, já com uma fila de cerca de 30 fãs à espera. A cerimônia acontecerá ininterruptamente inclusive durante a madrugada. As duas exposições em cartaz, sobre a poeta Hilda Hilst e sobre musicais no cinema, foram temporariamente interrompidas.

O velório ficará aberto ao público até às 10h de sexta, quando o corpo será encaminhado ao Cemitério São Paulo, no bairro de Pinheiros. O enterro está marcado para o meio-dia.

O auditório do museu foi o espaço escolhido para a despedida de familiares e fãs de Mojica, que morreu na tarde quarta, aos 83 anos, em decorrência de uma broncopneumonia. Lá, em cima do palco da sala, ao longo do fim da tarde e do começo da noite, fãs aproveitavam o caixão aberto, com o corpo coberto apenas por um véu e por flores, para tocar o corpo de Mojica, beijar seu rosto e suas mãos, além de tirar muitas fotos.

As selfies se proliferavam inclusive em vídeo — um fã mais empolgado chegou a pedir para ser filmado usando uma capa preta à frente do caixão do ídolo.

Após um tempo, a pedido da família, uma faixa de bloqueio, como as usadas para separar filas, foi colocada no entorno do caixão, separando uma área para os parentes e impedindo o toque dos demais visitantes.

— O pessoal estava se debruçando, tirando selfie— comentou a cineasta Liz Marins, conhecida como Liz Vamp, uma das filhas de Mojica, aos passantes próximos ao palco. — Ele queria que fosse assim (para os fãs), mas estavam abusando — disse ela, que avalia que o legado do pai é visível em novos artistas brasileiros que se aventuraram no horror inspirados por ele.

Ao todo ele deixa uma obra de mais de 40 filmes como diretor e de mais de 60 produções como ator, entre curtas, longas, documentários e séries.

No caminho até o auditório do MIS-SP, três desses filmes foram destacados por meio dos seus cartazes. “O despertar da besta” (1969), “Exorcismo negro” (1974) e “Encarnação do demônio” (2008), acompanhavam os visitantes até a sala com a homenagem.

(Fonte: O Globo)