A paciente, conhecida como “Clarinha”, faleceu após passar mais de 24 anos em estado de coma no Hospital da Polícia Militar (HPM). No entanto, um dia antes de seu falecimento, a Justiça havia garantido o registro civil para ela, permitindo que seu nome fosse oficialmente reconhecido.
A decisão judicial, resultado de uma solicitação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), foi concedida na quarta-feira passada (13), visando facilitar a prestação de assistência médica em instituições e órgãos públicos para “Clarinha”. Essa medida, agora, assegura que ela não será sepultada como indigente.
A triste coincidência é que “Clarinha” veio a falecer no dia seguinte, na noite de quinta-feira (14), após um período de quase 24 anos em estado de coma, resultante de um trágico atropelamento ocorrido no Centro de Vitória, em 12 de junho de 2000.
Ela sucumbiu a um mal súbito, com sintomas de vômito e broncoaspiração, que culminaram em complicações respiratórias. Embora tenha sido prontamente atendida pela equipe médica, “Clarinha” não resistiu.
Segundo informações do MPES, os esforços para obter o registro civil de “Clarinha” iniciaram-se em 2022, visando garantir o reconhecimento legal de sua existência. Isso possibilitaria o acesso aos serviços de saúde em instituições e órgãos públicos.
“No dia 13 de março de 2024, o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde de Vitória julgou procedente o pedido para a lavratura do registro tardio de nascimento da pessoa apelidada de Clarinha, no Cartório de Registro Civil da Comarca de Vitória, com os demais dados necessários”, informou o MPES em comunicado nesta sexta-feira (15).
O médico responsável pelo cuidado de “Clarinha” ao longo de sua permanência no HPM, Jorge Luiz Potratz, foi designado para auxiliar no procedimento de liberação e sepultamento do corpo após seu falecimento.
O MPES garante que “Clarinha” não será enterrada como indigente e providenciará a emissão de uma certidão de óbito em seu nome, incluindo detalhes sobre o local do sepultamento e registro fotográfico. Essas medidas visam fornecer esclarecimentos sobre sua identidade, inclusive com a coleta de material genético para eventuais exames.
Além do apoio do MPES, Jorge Luiz Potratz menciona o auxílio de empresários que se solidarizaram com a situação, oferecendo ajuda para um enterro digno para “Clarinha”.
“Muitas pessoas têm me contatado, solidarizando-se comigo e com a situação de ‘Clarinha’. Um grupo de empresários se prontificou a realizar o velório e o sepultamento dela, assim que o DML liberar. Com isso, conseguiremos evitar que sua história seja esquecida, e seu corpo não será tratado como de um indigente, sendo abandonado em qualquer lugar”, disse Potratz.
Foto: Reprodução / TV Vitória
Da redação do Acontece na Bahia