O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta terça-feira (16) que a Polícia Civil já identificou um dos suspeitos da execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros em Praia Grande, no litoral paulista. A declaração foi feita durante o velório do corpo do ex-chefe da instituição, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Segundo Derrite, será solicitada a prisão temporária do suspeito, que já tem extensa ficha criminal. Ele foi preso ao menos quatro vezes — duas por tráfico de drogas e duas por roubo. Ainda na adolescência, também chegou a ser apreendido.
“Quero reafirmar a confiança no trabalho investigativo da Polícia Civil, que rapidamente conseguiu identificar um dos envolvidos nesse crime bárbaro. Assim que soubermos exatamente qual foi a participação dele, vamos dar todos os detalhes”, disse Derrite.
Investigações sobre a execução
Ruy, que tinha 64 anos, foi alvo de mais de 20 disparos na tarde de segunda-feira (15). Câmeras de segurança registraram o momento em que o carro dele foi perseguido por criminosos em outro veículo, até colidir contra um ônibus. Na sequência, os atiradores desembarcaram e executaram o ex-delegado-geral.
Dois veículos foram utilizados na ação criminosa. Segundo Derrite, os criminosos não conseguiram atear fogo em um dos carros, um Jeep Renegade. A Polícia Técnico-Científica conseguiu coletar material que auxiliou na identificação de suspeitos.
As investigações seguem duas linhas principais:
- Vingança pela atuação histórica de Ruy contra chefes do PCC.
- Reação a decisões recentes dele à frente da Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
Histórico contra o crime organizado
Com mais de 40 anos de carreira, Ruy ficou conhecido por sua atuação firme contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2006, liderou investigações que resultaram no indiciamento de Marcola e da cúpula da facção, após uma onda de ataques coordenados contra agentes de segurança pública em São Paulo.
O ex-delegado-geral também comandou operações que levaram à prisão de criminosos de alta periculosidade. Atuou no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no DHPP, no Denarc e no Decap. Entre 2019 e 2022, foi delegado-geral da Polícia Civil, indicado pelo então governador João Doria.
Repercussão política e policial
O governador Tarcísio de Freitas classificou o assassinato como “ousado e planejado”. Ele determinou a mobilização total da polícia no estado. “Estou estarrecido. É uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, disse.
A SSP-SP criou uma força-tarefa conjunta das polícias Civil e Militar, reunindo agentes experientes e com ampla rede de informantes para acelerar a elucidação do crime.
Para especialistas em segurança pública, a execução mostra a ousadia das facções criminosas. “O assassinato do ex-delegado-geral Ruy expõe o poderio do crime organizado e a necessidade de respostas rápidas das instituições”, afirmou Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getulio Vargas.
Legado interrompido
Colegas e amigos lembram de Ruy como um policial comprometido e destemido. O procurador de Justiça Marcio Christino, que trabalhou com ele no combate ao PCC nos anos 2000, disse estar em choque: “Fui o último a falar com ele por telefone. Ele foi peça-chave no enfrentamento às facções criminosas”.
Durante o velório, familiares, amigos e autoridades da segurança pública prestaram homenagens a Ruy, ressaltando sua dedicação à carreira policial e ao combate ao crime organizado.
A morte do ex-delegado-geral agora se soma à lista de crimes de alto impacto contra autoridades em São Paulo, reacendendo debates sobre a proteção de agentes de segurança e o avanço das facções no país.
Da Redação com informações do g1
Foto: Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
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