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Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia

Após um pedido da Forças Armadas, Evo Morales renunciou neste domingo (10/11/2019) ao cargo de presidente da Bolívia. O anúncio foi feito em rede nacional. Mais cedo, o ex-presidente havia decidido a convocar novas eleições.

“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não sigam perseguindo dirigentes sociais”, disse Evo, referindo-se aos líderes opositores.

Morales estava sendo pressionado por protestos em todo o país, após a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter afirmado que houve irregularidades no pleito realizado no dia 20 de outubro. Durante as manifestações, duas pessoas morreram e cerca de 160 ficaram feridas.

Evo foi eleito em primeiro turno – ele teve 47,07% dos votos, e Carlos Mesa, o segundo colocado, 36,51%. No dia 30 de outubro, 10 dias após as eleições gerais, o governo da Bolívia e a OEA fecharam um acordo para a realização da auditoria da votação.

A oposição, liderada pelo candidato Carlos Mesa, principal opositor de Evo Morales nas eleições, disse não reconhecer a medida, e afirmou que os termos foram definidos unilateralmente, sem a presença de representantes da oposição e da sociedade civil.

Imediatamente após o anúncio, houve comemoração nas ruas de La Paz, com milhares de manifestantes soltando rojões e balançando bandeiras bolivianas. Morales, de 60 anos e no poder desde 2006.

Forças Armadas

Segundo a agência Associated Press, o comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, pediu a renúncia de Evo Morales pela “paz no país”.

Antes, o Alto Comando Militar da Bolívia ordenou operações militares aéreas e terrestres para neutralizar grupos armados irregulares, supostamente alinhados ao governo, que estão atacando manifestantes opositores que se deslocam a La Paz para aumentar a pressão social contra o governo.

Renúncias

Além de Evo, o vice-presidente Álvaro García Linera também anunciou sua demissão. “O golpe de Estado se consumou”, afirmou. No sábado (09/11/2019), o presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Víctor Borda, também renunciou depois que manifestantes atacaram sua casa, na cidade de Potosí (sudoeste). “Desisto da Câmara dos Deputados (..), espero que seja para preservar a integridade física do meu irmão que foi feito refém”, disse. Além de renunciar à presidência da Câmara, Borda também abdicou ao cargo de deputado.

O ministro de Minas, César Navarro, também deixou o cargo depois que uma multidão incendiou sua casa, também em Potosí. Ainda no sábado, o ministro dos Hidrocarbonetos, Luis Alberto Sánchez, renunciou.

Brasil
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) sugeriu, em nota divulgada antes da renúncia deste domingo (10/11/2019), que as novas eleições presidenciais na Bolívia contem com “observação internacional em todas as etapas do processo” para a garantia de “transparência e legitimidade”.

“O Brasil estima que o novo sufrágio deve ser dotado de todas as condições para assegurar sua absoluta transparência e legitimidade. Nesse sentido, o novo sufrágio deve ser presidido por autoridades reconhecidas por sua honorabilidade e credibilidade para garantir o soberano desejo dos bolivianos, e contar com observação internacional em todas as etapas do processo”, diz a nota do Itamaraty.

(Fonte: Metrópoles)