A morte de Angela Ro Ro, aos 75 anos, na segunda-feira (8), trouxe à tona não apenas a despedida de uma das vozes mais marcantes da música brasileira, mas também revelações surpreendentes sobre sua vida íntima e seus últimos desejos.
A cantora, internada desde junho no Rio de Janeiro por complicações de uma infecção pulmonar, deixou claro em áudios enviados ao advogado Carlos Eduardo Lyrio que não pretendia dividir seu patrimônio com a família.
Conflitos familiares e rompimento
Nos registros de voz, aos quais o portal Metrópoles teve acesso, Angela foi direta ao afirmar que não deixaria nada para seus parentes. Em um dos trechos, ela chega a classificá-los como “cafajestes”, reforçando o distanciamento que mantinha de primos e outros familiares.
Filha única e sem herdeiros diretos, a cantora dizia não sentir laços afetivos com esses parentes distantes, a quem acusava de terem se mantido alheios à sua vida pessoal e artística. Nos áudios, expressou ainda a intenção de formalizar um testamento em vida, para evitar qualquer contestação futura.
Vida pessoal marcada por independência
Autêntica e sem medo de se expor, Angela se assumiu lésbica nos anos 1970, época em que a homossexualidade ainda era um tabu no Brasil. Ao longo das décadas, viveu relacionamentos com diferentes mulheres, sempre de forma aberta e sem receios de críticas.
Apesar de nunca ter se casado oficialmente nem tido filhos, ela revelou em junho deste ano que vivia um relacionamento estável há quatro anos. A artista manteve o nome da companheira em sigilo, respeitando o desejo da parceira de não se expor publicamente.
“Tenho uma namorada amada há quatro anos. Ela não gosta de aparecer, eu respeito! Estuda, trabalha, mas sempre tem tempo para cuidar de mim. Amo você total”, escreveu em suas redes sociais na ocasião.
Saúde e dificuldades financeiras
Nos últimos anos, Angela Ro Ro enfrentou não apenas problemas de saúde, mas também crises financeiras. A artista chegou a usar as redes sociais para pedir ajuda de fãs, mostrando sem filtros as dificuldades de manter a carreira e os cuidados médicos.
Mesmo em meio a tantas adversidades, manteve o humor ácido e a autenticidade que sempre marcaram sua trajetória, desde os anos 1980, quando estourou com sucessos como Amor, meu grande amor.
Um legado além da herança
A decisão de Angela de não deixar bens à família expõe um retrato pouco conhecido da cantora: a de uma mulher que se manteve firme em suas convicções até o fim da vida. Para os fãs, o maior legado dela não é material, mas musical e cultural.
Angela foi pioneira em falar abertamente sobre sua sexualidade, sobre as dores da vida amorosa e sobre a luta por autenticidade, deixando um repertório que atravessa gerações.
Enquanto a Justiça deve analisar a legalidade de suas últimas vontades, o público já a eternizou como uma das artistas mais autênticas da MPB.
Da Redação com informações do Metrópoles
Foto: Reprodução Redes Sociais
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