Search
Close this search box.

PF: Malafaia orientou Bolsonaro contra decisões de Moraes e agora é alvo de medidas cautelares; veja detalhes da apuração

PF: Malafaia orientou Bolsonaro contra decisões de Moraes e agora é alvo de medidas cautelares

A PF investiga Malafaia por supostamente orientar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a descumprir medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, o pastor não apenas estimulava a desobediência, como também definia os melhores horários e canais para publicações estratégicas.

Nesta terça-feira (20), agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares contra o líder religioso no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A ordem partiu do STF dentro da Petição nº 14129, que apura tentativas de obstrução de Justiça e articulações antidemocráticas.

Orientações diretas a Bolsonaro

De acordo com o inquérito, a PF investiga Malafaia por ter atuado de forma “ativa e precisa” ao aconselhar Bolsonaro sobre como agir nas redes sociais, mesmo após restrições judiciais. O pastor teria indicado não apenas a frequência, mas também o tom dos conteúdos que deveriam ser divulgados para pressionar autoridades públicas.

“Dessa forma, o dolo na conduta dos investigados restou evidenciado a partir do conjunto de ações previamente ajustadas e deliberadas”, aponta a Polícia Federal em documento enviado ao Supremo. Para os investigadores, o objetivo era claro: influenciar decisões judiciais e desafiar determinações de Moraes.

Mensagens reveladas pela investigação

O relatório da corporação menciona que a PF investiga Malafaia por mensagens enviadas diretamente a Bolsonaro em datas estratégicas. Em uma delas, de 13 de julho, o pastor teria sugerido uma narrativa política em torno de tarifas impostas pelos Estados Unidos.

“Tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa. Ainda pode usar o seguinte argumento: não queremos ver sanções contra ministros do STF e suas famílias”, escreveu Malafaia, segundo trecho do documento.

Essa orientação, segundo os investigadores, seria uma tentativa de instrumentalizar pautas internacionais para fragilizar ministros da Corte brasileira e mobilizar apoiadores do ex-presidente.

Restrição imposta pelo STF

O episódio ocorre em um contexto de vigilância intensa. O Supremo havia determinado que Bolsonaro não poderia utilizar suas redes sociais nem permitir que terceiros publicassem em seu nome. Além disso, a decisão previa o uso de tornozeleira eletrônica, justamente para monitorar eventuais violações.

Ainda assim, a PF investiga Malafaia por estimular Bolsonaro a burlar as ordens judiciais, configurando um padrão de condutas articuladas para manter influência política.

Prisão domiciliar e desdobramentos

Após descumprimentos reiterados, Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro, reforçando que medidas judiciais não estavam sendo respeitadas. Nesse cenário, a participação de Malafaia passa a ser considerada peça-chave para entender a estratégia do grupo político.

A PF investiga Malafaia também pelo possível papel de “consultor de bastidores”, já que suas mensagens apontam uma tentativa de controlar a comunicação digital do ex-presidente em momentos de crise.

Medidas cautelares

Além da apreensão dos aparelhos, Malafaia foi submetido a medidas cautelares alternativas à prisão, como:

Proibição de deixar o país;

Proibição de manter contato com outros investigados.

Abordagem no aeroporto

O pastor foi abordado por agentes federais ao desembarcar de um voo proveniente de Lisboa e conduzido às dependências do aeroporto, onde prestou depoimento à PF.

Manifestação da PGR

As medidas foram solicitadas ao STF pela Polícia Federal, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), emitido no dia 15 de agosto.

O procurador-geral Paulo Gonet destacou que diálogos e publicações indicam que Malafaia atuou como orientador e auxiliar nas ações de coação e obstrução promovidas por Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro.

“Impõe-se concluir que estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultantes, de interferir ilicitamente no curso e no desfecho da Ação Penal n. 2668, em que o ex-presidente figura como réu”, afirmou Gonet.

Reações políticas e jurídicas

O caso gerou repercussão imediata. Juristas avaliam que, caso confirmadas as acusações, Malafaia pode responder por incitação ao descumprimento de decisão judicial e por tentativa de obstrução de Justiça. Parlamentares da oposição afirmam que a operação representa mais uma etapa no cerco a figuras que se alinharam ao ex-presidente.

Por outro lado, aliados próximos criticaram o que chamam de “perseguição” e alegam que o pastor apenas exercia sua liberdade de expressão. Ainda assim, a PF investiga Malafaia com base em evidências documentadas, consideradas consistentes para sustentar novas medidas judiciais.

Próximos passos da apuração

O inquérito deve continuar nas próximas semanas, com análise das mensagens apreendidas e oitiva de envolvidos. Caso se confirme o vínculo entre as orientações do pastor e ações concretas de Bolsonaro, novos desdobramentos judiciais poderão ser solicitados pelo Ministério Público.

O fato é que a PF investiga Malafaia em um dos capítulos mais sensíveis da relação entre política e religião no Brasil recente. A atuação direta de líderes evangélicos em questões de ordem judicial reforça o debate sobre os limites da influência política de religiosos em processos democráticos.

Enquanto a apuração avança, permanece a expectativa de que o STF avalie se novas medidas cautelares serão necessárias para conter possíveis tentativas de interferência na Justiça.

Da Redação com informações site G1 e Bacci Notíticas

Foto: Gabriel Silva/Estadão Conteúdo

Leia mais notícias abaixo

Michelle Bolsonaro chama Lula de “cachaceiro” e reforça apoio a Bolsonaro

Data para julgamento de Bolsonaro no STF é definida por Zanin; saiba quando

Lula pede cassação de Eduardo Bolsonaro por “traição à pátria”