O velório e enterro de Clarinha, a paciente desconhecida que permaneceu em coma por 24 anos em um hospital de Vitória, estão marcados para esta terça-feira (14). Sob os cuidados do Coronel Jorge Potratz, médico responsável por grande parte de sua jornada, a cerimônia será marcada por detalhes singulares, incluindo um vestido branco gentilmente providenciado por uma enfermeira e uma coroa de flores do próprio hospital.
Desde sua morte em 14 de março, o corpo de Clarinha permaneceu no Departamento Médico Legal, aguardando por possíveis familiares que, infelizmente, não foram identificados nos exames realizados. A autorização para a liberação do corpo foi concedida pela Justiça na sexta-feira (10), e desde então, uma equipe especializada se dedicou a preparar o corpo para o último adeus.
Os desafios foram muitos: após dois meses de congelamento, a pele de Clarinha necessitou de cuidados extras, incluindo um delicado processo de maquiagem para restaurar sua cor natural. Além disso, as consequências físicas de sua longa internação demandaram esforços para posicionar seu corpo de forma digna na urna.
Em meio aos preparativos, o gesto de solidariedade de uma loja local emocionou a todos: ao saber da história de Clarinha, a loja ofereceu o vestido branco sem cobrar pelo item, uma lembrança simbólica do respeito e compaixão que ela inspirou em todos que a conheceram.
O velório, que ocorrerá das 8h às 12h30 no bairro Santa Lúcia, em Vitória, será marcado por homenagens daqueles que compartilharam parte da jornada de Clarinha, incluindo funcionários e ex-funcionários do Hospital da Polícia Militar. Uma coroa de flores, encomendada pelo Coronel Potratz em nome de seus colegas, garantirá um tributo digno à paciente que tocou tantas vidas.
Uma bênção especial será realizada por um padre voluntário durante a manhã, demonstrando o apoio da comunidade em momentos de despedida. Enquanto isso, representantes de diferentes crenças são esperados para prestar suas homenagens, refletindo a diversidade e compaixão que permeiam esse evento.
O local escolhido para o enterro, o Cemitério Municipal de Maruípe, em Vitória, representa um ciclo completo para Clarinha, que permaneceu na cidade por tantos anos. Embora a Prefeitura de Vitória não tenha fornecido detalhes específicos sobre os protocolos no cemitério, espera-se que a cerimônia seja conduzida com respeito e dignidade.
A história de Clarinha, uma mulher desconhecida que foi vítima de um acidente trágico, permaneceu sem respostas durante anos. Apesar dos esforços incansáveis da equipe médica, nunca se encontrou informações sobre seus familiares ou mesmo sua idade. Sua morte, causada por complicações médicas em março deste ano, encerra um capítulo de mistério e solidariedade na comunidade de Vitória.
Da redação do Acontece na Bahia
Fonte: G1