Testemunha conta como foi acidente em parque de Cajazeiras que fez jovem ter braço amputado

O cenário estava preparado para proporcionar momentos de descontração, mas a queda de um brinquedo no parque de diversão em Cajazeiras, Salvador, deixou dois feridos e pôs fim ao clima de alegria que pairava o local. A tragédia trouxe uma sensação de medo e tristeza, além do trauma que sabe-se lá por quanto tempo vai permanecer na mente de quem viu a morte de perto.

Um dos envolvidos no acidente é um jovem de 20 anos, que ficou gravemente ferido e precisou ter o braço amputado. A informação foi confirmada pela família de Andrei Peroba, que segue internado e entubado no Hospital Geral do Estado (HGE) nessa última sexta-feira (16).

Na noite de quinta-feira (15), Andrei decidiu ir ao parque depois do expediente para desfrutar de momentos de lazer com sua irmã de 17 anos e sua prima de nove. No entanto, o que deveria ser uma noite de diversão transformou-se em um pesadelo quando o brinquedo estilo pêndulo, no qual estavam, desabou subitamente, deixando Andrei gravemente ferido, com seu braço esmagado e um rastro de sangue assustador no local. Ele foi prontamente socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE).

Enquanto isso, Vitória Moreira, de 27 anos, residente em Águas Claras, testemunhou o momento aterrorizante em que o brinquedo “Intoxic” quebrou no Campo da Pronaica, em Cajazeiras, na mesma noite do acidente. Os gritos desesperados de Andrei Peroba, de 20 anos, ecoaram pela área, deixando todos os presentes em estado de choque. Com seu braço aprisionado nos destroços do brinquedo, ele foi incapaz de se libertar e teve que aguardar ansiosamente pelo resgate dos bombeiros.

Posteriormente, a família confirmou que Andrei precisou passar por uma amputação do braço. Após o acidente, as autoridades tomaram medidas, com a Defesa Civil embargando o parque e exigindo laudos dos equipamentos instalados. Em uma entrevista ao CORREIO, Vitória compartilhou os momentos angustiantes vivenciados durante o acidente, ressaltando a proximidade de seus filhos com o ocorrido momentos antes.

“Eu estava com o meu filho, meus dois filhos, meu irmão e minha mãe. Eles brincaram nesse brinquedo que chegou a desabar, minutos antes. Depois foram em outros brinquedos e estavam no impasse se voltaria de novo para esse brinquedo ou não. Aí optaram em ir para a roda gigante. A gente ficou aguardando, eles entraram no brinquedo. Eu estava de costas. Aí eu vi um estralo muito forte, como se estivesse quebrando alguma coisa.

“Aí quando eu olhei para trás, eu vi que era o brinquedo. Ele estralou, como se estivesse partindo alguma coisa. E aí bateu ainda na pilastra que estava sustentando ele e aí caiu no chão. Para cair no chão ele saiu arrastando aquela chapa de ferro ainda, dá para ver ali no espaço. A chapa de ferro, a madeira. E aí aquele grito, aquele barulho, né? E todo mundo correndo, se conseguiram sair, todo mundo correndo. De repente ficou aquele silêncio.”

“E a gente só conseguiu ouvir o grito do rapaz. Estava preso nas ferragens. Ele gritou de dor, ele gritou muito, gritou muito. Eu só consegui virar de costa e pedir a Deus que tivesse misericórdia e não tirasse a vida de ninguém que estava ali. E aí demoraram de vir, não veio nem polícia, nem Samu, nem nada.”

“E o pessoal do parque, eles não se preocuparam em momento nenhum em dar socorro a quem estava ali prestar socorro. A gente só viu uma comunicação visual muito forte entre eles, e eles saindo dos guichês de bilheteria, recolhendo o dinheiro, um passando para o outro, aquela coisa toda, e um deles dizendo que deu ruim. Ele usava outro termo para informar que tinha dado ruim e só pediu para que fechasse a porta do portão, da quadra, para que ninguém entrasse. E em momento nenhum eles se preocuparam em prestar socorro.”

“E tem um brinquedo ali, o nome do brinquedo é Samba. Alguns minutos antes também eu estava nesse brinquedo, e aí demorou um pouco de começar a funcionar. E eu perguntei ao menino, eu falei, moço, vai demorar muito para funcionar? Ele fez, ‘oh tia, não me chame de moço, não, que eu só tenho 15 anos’. Foi o que ele falou. Eu falei: ‘menino, você com essa idade operando brinquedo?’. E ele: ‘é o que eu estou acostumado já. A gente roda isso aqui tudo, a gente roda Dias D’Ávila, Camaçari, Minas Gerais’.”

“Ele falou que rodava tudo daquela forma ali, que ele já estava acostumado já. Ainda questionei para ele se já tinha tido algum episódio de quebrar um brinquedo, alguma coisa. Ele falou que não, porque a única coisa que tinha acontecido era só soltar a escada, mas não tinha ninguém dentro, né? E foi terrível.”

“Hoje eu consigo falar um pouco mais tranquilo, eu não consegui dormir essa noite. Agora eu consigo falar um pouco mais tranquilo, mas foi horrível, foi muito sangue. Eu cheguei depois a chegar perto do rapaz e a situação em que o braço dele ficou, foi uma sensação, foi muito delicado, foi uma sensação horrível, né? De impotência também, se não conseguir fazer nada.”

“E aí depois de um tempo chegou a polícia, chegou o corpo de bombeiro com algumas ferramentas para poder tirar ele das ferragens. E o que me marcou muito foi a mãe dele quando chegou, desesperada, gritando por que o filho dela, e ele dizendo, mãe, eu sou forte, eu vou conseguir, eu sou muito forte, mãe, eu vou conseguir. E aquilo ali vai me marcar para o resto da vida, para o resto da vida.”

Foto: Reprodução / TV Bahia

Fonte: Correio