Suspeito de matar delegada na Bahia já foi detido e possuía histórico de violência contra a mulher


Um caso de violência que chocou a Bahia no último domingo (11) voltou a repercutir diante de novos desdobramentos. Tancredo Neves Feliciano de Arruda foi preso sob suspeita de ter assassinado sua companheira, a delegada Patrícia Neves Jackes Aires. Este episódio, porém, não foi o primeiro indício de seu comportamento agressivo. O homem já havia sido detido em maio deste ano, acusado de agredir Patrícia, conforme confirmado pela Polícia Civil. Apesar da prisão em flagrante e da medida protetiva concedida pela Justiça, o casal acabou se reconciliando.

A delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloisa Brito, revelou que Tancredo possui um histórico preocupante de violência contra mulheres, com denúncias registradas em diversas cidades, incluindo Foz do Iguaçu (PR), Feira de Santana (BA) e Itamaraju (BA). Além disso, ele foi indiciado por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, conforme inquérito concluído em 2022 e encaminhado ao Ministério Público da Bahia.

Outro ponto que levanta suspeitas é uma denúncia registrada pelo próprio Tancredo, alegando o sequestro de Patrícia. No entanto, a polícia descartou essa hipótese, como explicou a delegada Rogéria da Silva Araújo, diretora do Departamento de Polícia do Interior (Depin): “A PC começou a trabalhar para tentar verificar se tinha acontecido, mas as informações que ele trouxe não batem, além da forma como ela foi encontrada sem vida dentro do carro.”

O corpo de Patrícia foi localizado no banco do carona do veículo de Tancredo, em São Sebastião do Passé (BA). A delegada-geral mencionou que o casal esteve em dois estabelecimentos comerciais em Santo Antônio de Jesus, cidade onde Patrícia atuava. Imagens de câmeras de segurança e gravações das rodovias por onde o casal passou estão sendo analisadas para ajudar nas investigações.

Patrícia Neves Jackes Aires, além de atuar como delegada plantonista, também tinha um histórico acadêmico e profissional respeitável. Ela foi comandante do Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (Neam) da 4ª Coordenadoria de Polícia e era especialista em direito penal e processual penal. Natural de Recife (PE), Patrícia também se dedicou à docência no seu estado natal.

A mãe de Patrícia, Maria José Jackes Aires, revelou detalhes do comportamento controlador de Tancredo: “Ela pegou um áudio dele para a mãe: ‘Mãe, vou pegar um remédio para me controlar porque lá vai ter muito homem. Não sei se vou conseguir me controlar’. Então, já era uma forma de ele mostrar a personalidade violenta. Esse áudio só chegou até ela (Patrícia) depois que eles tinham se separado”, contou em entrevista à TV Globo Pernambuco.

O sepultamento de Patrícia ocorreu nesta terça-feira (13), em Recife.

Se você presenciar ou for vítima de violência doméstica, denuncie. Ligue para o 190 ou utilize os serviços da Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. A Lei Maria da Penha protege mulheres de agressões, não apenas de parceiros, mas também de familiares.

Da redação do Acontece na Bahia

Foto: Redes Sociais