A Polícia Civil do Rio de Janeiro, em conjunto com o Ministério Público Estadual, deflagrou nesta semana uma operação que mira o pastor Henrique Santini, acusado de comandar um sofisticado esquema de estelionato religioso. Segundo as investigações, o líder religioso teria movimentado mais de R$ 3,3 milhões ao cobrar por supostas orações de cura e milagres.
De acordo com a apuração, os fiéis acreditavam estar em contato direto com o pastor por meio do WhatsApp. Na prática, atendentes de um call center utilizavam áudios previamente gravados para simular conversas com Santini. Os seguidores eram convencidos a realizar transferências via Pix, com valores que variavam de R$ 20 a R$ 1.500, sempre com a promessa de bênçãos, curas e prosperidade.
O call center operava em cidades como Niterói e São Gonçalo, empregando cerca de 70 atendentes — incluindo adolescentes. Cada funcionário tinha metas semanais de arrecadação e, caso não fossem cumpridas, eram dispensados. O modelo de negócio fazia com que a estrutura funcionasse como uma verdadeira empresa, mas baseada na exploração da fé.
Durante as buscas na residência do religioso, policiais encontraram cerca de R$ 25 mil em espécie, além de dólares, euros, celulares e diversos equipamentos eletrônicos. O pastor nega irregularidades, mas a Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, bloqueou valores em contas ligadas a ele e a empresas relacionadas, e ainda autorizou o sequestro de bens.
No total, 23 pessoas foram denunciadas por crimes como estelionato, curandeirismo, falsa identidade, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular. Apesar da gravidade, o Ministério Público não conseguiu a prisão preventiva do pastor, decisão que gerou críticas de entidades que defendem vítimas de golpes religiosos.
Para os investigadores, o chamado “Pix da Vitória” explorava principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade emocional ou financeira, que acreditavam estar investindo em sua própria cura ou em bênçãos para familiares. Muitas vítimas relataram ter feito múltiplas transferências, acumulando dívidas em nome da fé.
O caso continua em andamento, e o Ministério Público acompanha de perto os desdobramentos para garantir reparação às vítimas e recuperar valores desviados. A expectativa é de que novas denúncias surjam à medida que mais pessoas reconheçam ter sido lesadas pelo esquema.
Da Redação com informações do Portal CM&
Foto: Reprodução/PCRJ / Redes Sociais
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