Uma das histórias mais marcantes e trágicas de Arkansas, nos Estados Unidos, envolve a vida de Martha McKay, de 63 anos. Em um gesto de perdão, ela contratou o homem que havia assassinado sua mãe e um primo 23 anos antes. No entanto, o mesmo indivíduo acabou tirando sua vida, repetindo a tragédia que já havia atingido a família décadas antes.
Em 1996, Travis Lewis, então com apenas 16 anos, assassinou Sally Snowden McKay, de 75 anos, mãe de Martha, e Lee Baker, de 52 anos, um primo da família que era músico reconhecido de blues rock. O crime chocou a região e resultou na condenação de Lewis a 28 anos e meio de prisão. Após cumprir 23 anos, ele foi liberado em 2018, com a promessa de recomeçar a vida em liberdade.
Apesar do histórico criminal, Martha decidiu perdoá-lo. Segundo pessoas próximas, sua decisão estava ligada ao desejo de “ficar em paz com suas emoções”. Mais do que isso, ela chegou a contratá-lo para trabalhar em sua própria casa, a histórica Snowden House, localizada no bairro à beira do Horseshoe Lake, uma região tradicional próxima a Memphis. A residência, pertencente à família desde 1919, já havia sido cenário de produções como o filme The Client (1994).
No entanto, o ato de confiança teve um fim brutal em 2020. Martha foi encontrada morta dentro da mansão, após um alerta disparado pelo sistema de segurança. Policiais do Condado de Crittenden relataram que, ao chegarem ao local, encontraram a porta dos fundos aberta e Travis Lewis ainda dentro da casa.
De acordo com o xerife Mike Allen, o suspeito tentou escapar pulando por uma janela do andar superior. Em seguida, correu até seu carro, mas acabou ficando preso na grama. Desesperado, abandonou o veículo e se lançou no lago próximo, onde morreu afogado.
O corpo de Martha foi localizado logo depois, com indícios de esfaqueamento. O Instituto Médico Legal ficou responsável por confirmar oficialmente a causa da morte. Até hoje, a motivação do crime permanece desconhecida.
A tragédia provocou enorme comoção na comunidade. Moradores de Horseshoe Lake, acostumados com a tranquilidade do local, relataram medo e incredulidade. “Trancamos as portas e rezamos para que tudo terminasse bem. Foi assustador demais”, disse um vizinho.
O caso reacendeu debates sobre confiança, perdão e os limites da reabilitação criminal. Para muitos, a história representa como o peso de uma tragédia pode atravessar gerações e voltar a assombrar uma mesma família.
Apesar da tentativa de Martha de transformar dor em empatia, sua morte acabou mostrando a complexidade de lidar com crimes violentos e os dilemas enfrentados por quem busca conceder uma segunda chance.
Da Redação com informações O Correio
Foto: Reprodução
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