O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou seu compromisso em transformar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém do Pará, em um marco histórico para o debate climático global. Para isso, Lula envia convite a Trump em busca de uma sinalização política dos Estados Unidos, que desempenham papel central no enfrentamento da crise ambiental. No entanto, até o momento, a iniciativa não teve retorno.
Segundo a CEO da COP30, Ana Toni, o silêncio de Washington preocupa a organização. Em evento realizado durante o Climate & Impact Summit Latin America, promovido pelo jornal Financial Times, ela revelou que Lula envia convite a Trump, mas não obteve qualquer manifestação da equipe do republicano. “Estamos fazendo muitas reuniões multilaterais, e os EUA não apareceram em nenhuma delas”, destacou.
Impasse diplomático e geopolítica
A ausência de resposta ocorre em um momento delicado. De acordo com Toni, os Estados Unidos se tornaram uma “caixinha de surpresas” no cenário internacional, o que não se restringe apenas à questão climática, mas também ao multilateralismo. Para ela, esse fator deve pesar diretamente na realização da conferência em Belém.
“Antes havia apenas a percepção de que a geopolítica afetaria as COPs, agora é uma realidade confirmada. Toda conferência tem seus desafios, mas a COP30 traz uma complexidade ainda maior”, disse a executiva. O episódio em que Lula envia convite a Trump e não obtém retorno simboliza essa instabilidade.
Toni lembrou ainda que os Estados Unidos decidiram abandonar o Acordo de Paris pela segunda vez, embora a saída formal esteja prevista apenas para fevereiro de 2026. Esse movimento acentua a apreensão em relação ao futuro da governança climática global.
Brasil e China em sintonia
Enquanto Lula envia convite a Trump e aguarda resposta, a relação entre Brasil e China avança com mais consistência. Ana Toni destacou que Pequim tem sido participante ativa em todas as reuniões preparatórias da COP30. “Há um debate fluido e constante entre os dois países”, explicou.
O presidente brasileiro também enviou uma carta ao homólogo Xi Jinping, mas a CEO não revelou se houve retorno formal. Ainda assim, ela ressaltou que a China já compreendeu as vantagens econômicas de investir em políticas ambientais, e que o país se movimenta para reduzir a imagem de maior emissor de poluentes da atualidade — posição que historicamente pertence aos Estados Unidos.
Esse contraste reforça a percepção de que, embora Lula envia convite a Trump para tentar equilibrar a balança diplomática, a cooperação sino-brasileira pode ganhar protagonismo em Belém.
Um desafio além do clima
O caso em que Lula envia convite a Trump e não recebe retorno ilustra como a COP30 não será apenas um encontro sobre mudanças climáticas, mas também um reflexo das disputas políticas internacionais. Para especialistas, a participação dos Estados Unidos é considerada estratégica, não apenas pelo histórico de emissões de gases de efeito estufa, mas também por sua influência em negociações multilaterais.
A ausência de engajamento da maior potência econômica mundial levanta dúvidas sobre a capacidade da COP30 de produzir acordos ambiciosos. Em contrapartida, outros blocos, como União Europeia e países emergentes, sinalizam disposição para avançar nas discussões.
Expectativas para Belém
A realização da COP30 no Brasil já é considerada um marco por si só. Será a primeira vez que a conferência ocorrerá na Amazônia, região central no debate climático global. Para o governo brasileiro, o evento representa uma oportunidade de mostrar avanços na redução do desmatamento e atrair investimentos internacionais para projetos sustentáveis.
Ainda assim, o silêncio em torno do convite preocupa. O fato de Lula envia convite a Trump e não ser respondido até agora coloca em evidência a dificuldade de construir consensos em um mundo cada vez mais polarizado.
A expectativa é que, até 2025, os Estados Unidos definam sua posição em relação ao Acordo de Paris e revelem qual será seu papel na transição energética global. Até lá, a diplomacia brasileira seguirá tentando articular pontes — seja com Trump, caso ele se fortaleça politicamente, seja com outras lideranças globais.
Um gesto com peso simbólico
O episódio em que Lula envia convite a Trump sem retorno não é apenas uma questão protocolar. Trata-se de um símbolo da disputa entre cooperação e isolamento no enfrentamento da crise climática. Para os organizadores da COP30, a ausência americana poderá enfraquecer os acordos multilaterais, mas também abrir espaço para novos protagonistas no cenário internacional.
Enquanto isso, o Brasil segue no centro das atenções, com o desafio de sediar uma das conferências mais aguardadas das últimas décadas e de articular consensos em um ambiente político cada vez mais fragmentado.
Da Redação com informações site Jovem Pan
Foto: Reuter/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil
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