Lula apoia Cuba e sugere turismo pelo Brasil após medida dos EUA

Lula defende Cuba e ironiza EUA

O presidente Lula (PT) defendeu, nesta quarta-feira (14), a relação histórica do Brasil com Cuba e ironizou a recente decisão dos Estados Unidos de revogar o visto de dois integrantes ligados ao Programa Mais Médicos. As declarações foram feitas durante um evento em Goiana, Pernambuco, onde o chefe do Executivo também incentivou viagens dentro do território nacional.

Contexto da polêmica

A medida norte-americana afetou diretamente Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta. Ambos tiveram participação ativa na implementação do Programa Mais Médicos, criado no governo Dilma Rousseff (PT), que trouxe profissionais de saúde, em sua maioria cubanos, para atender regiões carentes do Brasil.

Em tom irônico, Lula minimizou a importância da perda do visto para os afetados. “O mundo é muito grande. O Brasil tem 8 milhões e meio de quilômetros quadrados. Lugar para andar no Brasil não falta. Não se importem. Lugares bonitos é o que temos de sobra”, declarou.

Segundo o presidente, Mozart não estava presente no evento em Goiana, mas deverá acompanhá-lo em outro compromisso ainda hoje. A justificativa oficial do governo norte-americano para a revogação dos vistos foi a ligação direta dos servidores com o Programa Mais Médicos, citado como exemplo na nota divulgada pelos EUA.

Relação Brasil–Cuba

Durante seu discurso, Lula reforçou o respeito e apoio do Brasil a Cuba, especialmente diante do embargo econômico imposto há mais de sete décadas pela potência norte-americana. “É importante que eles [EUA] saibam que a nossa relação com Cuba é de respeito a um povo que sofre as consequências de um bloqueio injusto há 70 anos. Hoje, enfrentam dificuldades severas”, disse.

Essa relação diplomática foi fortalecida ao longo das gestões petistas, tanto de Lula quanto de Dilma Rousseff, com iniciativas de cooperação nas áreas de saúde, educação e comércio. O Programa Mais Médicos é um dos símbolos dessa parceria, que possibilitou a atuação de milhares de médicos cubanos em comunidades brasileiras com difícil acesso a atendimento.

Defesa do programa

Pouco antes das falas do presidente, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também se posicionou. Criador do Mais Médicos durante o governo Dilma, Padilha afirmou que a decisão dos Estados Unidos representa um retrocesso. Ele ainda citou o ex-presidente Donald Trump como um crítico ferrenho de políticas públicas de saúde em diversos países.

“O ataque ao Mais Médicos é, na prática, um ataque à saúde no mundo todo”, disse o ministro, destacando que a iniciativa foi responsável por levar atendimento básico a regiões que nunca tinham recebido médicos antes.

Incentivo ao turismo interno

A fala de Lula sobre “andar pelo Brasil” foi interpretada como uma sugestão para que brasileiros afetados por restrições internacionais conheçam mais o próprio país. Segundo o presidente, o território nacional oferece diversidade de paisagens, cultura e gastronomia capazes de rivalizar com qualquer destino estrangeiro.

Para ele, investir no turismo interno fortalece a economia e aproxima os cidadãos da realidade de diferentes regiões. “Nós temos praias, serras, florestas e cidades históricas. Não é preciso atravessar o continente para viver experiências incríveis”, completou Lula.

Repercussão política

As declarações do presidente geraram reações distintas no cenário político. Aliados elogiaram a postura firme na defesa de Cuba e a crítica velada aos Estados Unidos, enquanto opositores acusaram Lula de priorizar alianças ideológicas em detrimento de relações comerciais estratégicas com a potência norte-americana.

No meio diplomático, a fala é vista como mais um capítulo da disputa narrativa entre Brasil e EUA em relação à política externa e programas sociais. Apesar das divergências, o governo brasileiro reforça que manterá o diálogo aberto com Washington, buscando minimizar os impactos da decisão sobre vistos.

Com esse posicionamento, Lula sinaliza que pretende continuar fortalecendo parcerias com países historicamente próximos ao Brasil, ao mesmo tempo em que estimula a valorização do território nacional como destino turístico.

Fonte: UOL
Foto: Reprodução/Canal.gov