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Influenciadoras são condenadas a 12 anos após vídeo racista com crianças; relembre o caso

Influenciadoras são condenadas a 12 anos após vídeo racista com crianças; entenda o caso

A Justiça do Rio de Janeiro condenou, nesta segunda-feira (18), duas influenciadoras condenadas a 12 anos de prisão em regime fechado pelo crime de injúria racial. Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e sua filha, Kerollen Vitória Cunha Ferreira, foram responsabilizadas por oferecer uma banana e um macaco de pelúcia a duas crianças negras em um vídeo divulgado nas redes sociais em 2023.

De acordo com a sentença, além da pena privativa de liberdade, as influenciadoras condenadas terão que pagar indenização de R$ 20 mil para cada vítima, valor que será corrigido monetariamente. Elas ainda estão proibidas de publicar conteúdos semelhantes ou manter contato com as crianças envolvidas no caso. Embora possam recorrer em liberdade, após o trânsito em julgado serão expedidos mandados de prisão.

Vídeo e repercussão social

O episódio ocorreu em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e ganhou ampla repercussão na internet. As imagens mostravam Nancy e Kerollen oferecendo presentes em tom de deboche: uma banana para uma criança de 10 anos e um macaco de pelúcia para outra de 9. Ambos os símbolos estão historicamente associados a estereótipos racistas, o que levou a magistrada responsável pelo caso a reconhecer a prática de “racismo recreativo”.

Segundo a juíza Simone de Faria Ferraz, da 1ª Vara Criminal de São Gonçalo, as influenciadoras condenadas não apenas praticaram um ato de humilhação, mas também lucraram financeiramente com a exposição das crianças. A decisão destacou que as vítimas passaram a sofrer bullying, isolamento social e prejuízos emocionais após a divulgação dos vídeos.

Impacto nas vítimas

Um dos meninos envolvidos chegou a ser chamado de “macaco” na escola e desistiu do sonho de ser jogador de futebol. A menina, por sua vez, começou a brincar sozinha e necessitou de acompanhamento psicológico. Para a Justiça, esses efeitos demonstram a gravidade da prática e a necessidade de uma resposta penal proporcional.

Durante o processo, as influenciadoras condenadas tentaram minimizar a conduta, alegando que não tinham intenção de ofender. Nancy afirmou que não sabia o que era racismo, enquanto Kerollen disse que só compreendeu a gravidade da atitude após a repercussão negativa. Ambas sustentaram que o vídeo era apenas parte de uma “trend” do TikTok.

Defesa e acusação

O advogado das vítimas comemorou a decisão, destacando que a condenação representa um marco simbólico e jurídico no enfrentamento ao racismo estrutural. Em nota, a defesa das famílias afirmou que “a infância negra não pode ser objeto de humilhação recreativa” e que a sentença reforça a responsabilidade do Judiciário em proteger a dignidade humana.

Por outro lado, a defesa das influenciadoras condenadas declarou respeitar a decisão, mas afirmou discordar dela. O advogado Mário Jorge dos Santos Tavares informou que recorrerá ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, defendendo que as acusadas sempre colaboraram com o processo e confiam que sua inocência será reconhecida nas instâncias superiores.

Marco jurídico e social

Especialistas em direito penal consideram que o caso das influenciadoras condenadas pode se tornar um precedente importante no combate ao chamado racismo recreativo, quando atos discriminatórios são mascarados como humor. A decisão da Justiça do Rio reforça que manifestações desse tipo não serão toleradas e terão consequências severas.

A sentença também tem peso simbólico por envolver criadoras de conteúdo com milhões de seguidores, que usaram seu alcance para reproduzir estigmas raciais historicamente usados contra a população negra. Para juristas, a condenação ajuda a transformar a memória histórica de impunidade em compromisso efetivo com a igualdade.

Próximos passos

Enquanto o recurso tramita, as influenciadoras condenadas seguem em liberdade, mas não poderão repetir condutas semelhantes ou manter contato com as crianças vítimas. Caso o Tribunal mantenha a decisão, a pena de 12 anos em regime fechado terá início imediato.

A polêmica segue dividindo opiniões nas redes sociais, mas especialistas afirmam que o episódio reforça a necessidade de responsabilidade social no uso das plataformas digitais.

Da Redação com informações via G1

Foto: Reprodução/ Redes Sociais

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