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Idosa é resgatada após 50 anos sem salário na Bahia; patrões são acusados de exploração extrema, saiba mais

Idosa é resgatada após 50 anos sem salário na Bahia; patrões são acusados de exploração extrema, saiba mais

Uma idosa de 64 anos foi resgatada em Itabuna, no sul da Bahia, após passar mais de cinco décadas trabalhando em condições análogas à escravidão. O caso foi divulgado na segunda-feira (25) pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) e ganhou repercussão nacional por expor a realidade silenciosa do trabalho doméstico exploratório no Brasil.

Segundo as investigações, a trabalhadora atuava como empregada doméstica para a mesma família desde a adolescência. Ao longo dos anos, a idosa passou de uma geração a outra, sempre realizando tarefas domésticas sem receber salário. Além da ausência de remuneração, ela também não tinha liberdade de ir e vir, sofria maus-tratos e vivia em condições insalubres.

Apropriação de benefícios e abandono

A situação se agravava porque, além de não pagar pelo trabalho, a família ainda se apropriava da pensão do INSS que a vítima recebia. O dinheiro era retirado todos os meses sem qualquer repasse, deixando a idosa em total dependência.

No momento do resgate, os fiscais constataram que a mulher estava sem nenhum dente e não recebia o devido acompanhamento médico. O quadro de vulnerabilidade reforça o caráter degradante da situação, classificada pelo MPT como trabalho escravo moderno.

Ação fiscal e medidas de proteção

O resgate foi resultado de uma operação da Auditoria Fiscal do Trabalho, que tem intensificado as ações de combate ao trabalho escravo doméstico na Bahia. Além do caso em Itabuna, a fiscalização também alcançou condomínios residenciais na cidade para verificar se empregadores cumprem as obrigações trabalhistas com profissionais do cuidado, como babás, cozinheiras, arrumadeiras e cuidadores de idosos.

Segundo o MPT, as ações têm sido frequentes em Salvador e agora se estendem ao interior do estado. A iniciativa busca garantir dignidade, respeito e direitos básicos a trabalhadoras historicamente vulnerabilizadas.

Denúncias podem salvar vidas

Autoridades reforçam que denúncias de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de forma anônima e segura pelo Sistema Ipê, plataforma do governo federal que recebe e encaminha casos para investigação.

A Procuradoria alerta que o trabalho escravo no Brasil não se restringe a áreas rurais ou canteiros de obra. Casos no âmbito doméstico, muitas vezes invisibilizados, ainda são comuns e exigem atenção da sociedade.

O impacto social do caso

O resgate da idosa em Itabuna evidencia um problema estrutural que ainda marca a realidade brasileira: a naturalização da exploração no trabalho doméstico. Segundo especialistas em direitos trabalhistas, situações como essa revelam como antigas práticas de servidão ainda persistem, mesmo após avanços na legislação.

O caso segue sob investigação para responsabilizar os envolvidos e garantir reparação à vítima. A expectativa é que a idosa seja encaminhada a programas de proteção e assistência social, com acompanhamento psicológico e médico para recuperação de sua dignidade.

Da Redação com informações do Correio 24horas

Foto: Reprodução MPT-BA

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