Governo americano altera gênero de Erika Hilton em visto após erro

Após um erro na emissão do visto, o governo dos Estados Unidos alterou o gênero da deputada federal Erika Hilton (PSOL), registrando-a como do sexo masculino no documento. Erika é uma das primeiras parlamentares trans da Câmara dos Deputados e uma ativista reconhecida na defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+.

Antes da gestão de Donald Trump, a deputada já havia obtido um visto americano com as informações de gênero compatíveis com sua identidade. Desta vez, no entanto, o novo documento foi emitido com dados incorretos.

Erika foi convidada para representar oficialmente o Brasil na Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em Cambridge, Massachusetts. A missão internacional foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados, e a solicitação do visto foi feita diretamente pela Casa à embaixada americana.

Segundo a equipe da deputada, o processo, que normalmente seria apenas protocolar, enfrentou entraves em razão das atuais regras do governo dos EUA.

Emitido em 3 de abril, o visto trouxe a designação de sexo masculino — informação que, de acordo com Erika, não foi fornecida por ela em nenhuma etapa do processo. Como se trata de uma decisão que envolve a soberania do governo americano, ainda não está claro se é possível recorrer judicialmente.

“Realmente é uma situação mais do que constrangedora, uma situação de violência, de desrespeito, de abuso, inclusive, do poder, porque viola um documento brasileiro, viola um documento que é nosso. E é uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano, que quando praticada nos Estados Unidos ainda pede uma resposta das autoridades e do Poder Judiciário americano. Mas, quando invade um outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty”, diz a deputada.

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