O caso envolvendo Renê da Silva Nogueira Junior ganhou novo desdobramento nesta semana. Os advogados que representavam o acusado renunciaram à defesa, surpreendendo familiares, autoridades e a opinião pública. O episódio reacendeu a comoção e os debates em torno do processo que ficou conhecido como “Empresário mata gari”, expressão que tem dominado a cobertura sobre o crime em Belo Horizonte.
Na segunda-feira (18), os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Viana Pereira comunicaram oficialmente ao 1º Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte que não continuarão no caso. Em petição enviada à juíza, os profissionais informaram que “renunciam aos poderes que lhes foram outorgados”, ressaltando que o investigado já foi comunicado e deverá constituir outro representante legal.
Um dos advogados, Leonardo Salles, enviou nota à imprensa explicando que a saída ocorreu por “motivo de foro íntimo”, decisão tomada após uma conversa reservada com o cliente. A mudança abre espaço para uma nova estratégia jurídica, em um processo que já vem sendo acompanhado de perto pela população.
O crime e a prisão
Renê foi preso no último dia 11, poucas horas após a morte de Laudemir Fernandes, gari conhecido como “Lau”, que trabalhava há sete anos na limpeza urbana da capital mineira. De acordo com as investigações, o acusado se irritou com a presença de um caminhão de lixo parado na rua e ameaçou atirar na motorista do veículo. Em seguida, disparou contra Laudemir, que estava em serviço. O episódio reforçou a comoção popular em torno do caso e consolidou o rótulo midiático de “Empresário mata gari”.
Segundo a Polícia Civil, a arma utilizada no crime pertence à esposa de Renê, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira. Dois armamentos registrados em nome da policial foram apreendidos na casa do casal no mesmo dia. Exames de balística confirmaram que um dos revólveres foi usado no disparo fatal.
Envolvimento da delegada e investigações paralelas
A delegada afirmou que não sabia que o marido tinha acesso às suas armas pessoais. Apesar disso, a Corregedoria da Polícia Civil abriu procedimento para apurar possível responsabilidade administrativa. Até o momento, não há indícios de envolvimento direto dela no crime, mas os investigadores afirmam que as apurações continuam.
Renê, por sua vez, declarou que não matou Laudemir e que faz uso de medicamentos controlados. Na audiência de custódia, entretanto, o juiz destacou que o acusado já responde por violência doméstica contra a ex-esposa, o que indicaria “uma personalidade violenta”.
Indiciamento e acusações
A Polícia Civil indiciou o réu por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma de fogo e ameaça. Caso seja condenado, ele poderá pegar até 30 anos de prisão. Segundo o delegado responsável, Evandro Radaelli, não restam dúvidas sobre a autoria: “Temos indícios contundentes e irrefutáveis”.
O caso segue em destaque na imprensa e gera forte comoção popular, sendo constantemente lembrado sob a denominação “Empresário mata gari”, que passou a sintetizar o impacto da tragédia.
Repercussão social e pedidos de justiça
A morte de Laudemir gerou indignação entre colegas de trabalho, familiares e moradores da região. Considerado dedicado e querido, o gari era conhecido por todos como “Lau”. Nas redes sociais, mensagens de solidariedade à família se multiplicaram, assim como manifestações pedindo punição exemplar ao acusado.
Entidades ligadas à categoria de trabalhadores da limpeza urbana também se mobilizaram. Em nota, sindicatos cobraram maior proteção para os garis, lembrando que os profissionais são frequentemente expostos a riscos durante o trabalho.
Futuro do processo
Com a saída dos advogados, o próximo passo será a nomeação de uma nova defesa por parte do acusado. Especialistas em direito criminal afirmam que a troca pode atrasar o andamento do processo, mas dificilmente mudará o peso das provas reunidas até aqui.
Enquanto a defesa busca se reorganizar, o processo segue acompanhado por autoridades e pela população. O rótulo de “Empresário mata gari” continua a simbolizar não apenas a gravidade do crime, mas também o clamor social por justiça diante de uma tragédia que expôs tensões urbanas, desigualdade social e abuso de poder.
Da Redação com informações via Política Alagoana
Foto: Reprodução/ Redes Sociais
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