A embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou neste domingo (15) uma nota dura contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “descontrolado”. A manifestação foi divulgada nas redes sociais oficiais da missão diplomática, usando trechos de um discurso do vice-secretário de Estado, Christopher Landau.
De acordo com a embaixada, o comportamento de Moraes estaria prejudicando a relação histórica entre os dois países. “Os Estados Unidos continuam a esperar que o Brasil contenha o descontrolado ministro do STF Moraes, antes que ele destrua completamente a relação que nossos grandes países desfrutam há mais de dois séculos”, diz o comunicado.
O texto também acusa o magistrado de abusar do processo judicial para perseguir adversários políticos: “Em vez de buscar uma solução para resolver a crise, o Brasil está permitindo que esse violador de direitos humanos, já sancionado, dobre a aposta em seu abuso do processo judicial para perseguir uma agenda descaradamente política. Os Estados Unidos não permitirão que Moraes estenda seu regime de censura ao nosso território”, reforça o documento.
Escalada diplomática
A crítica da embaixada ocorre em meio a um período de tensão crescente entre Brasília e Washington, sobretudo após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por seu envolvimento em uma trama considerada golpista pelo STF. A sentença repercutiu no cenário internacional e foi duramente contestada por representantes norte-americanos.
Na semana anterior, a própria embaixada já havia publicado uma nota de Landau, na qual afirmava que “os Estados Unidos condenam o uso da lei como arma política”. Segundo ele, “como advogado, diplomata e amigo do Brasil, me dói ver o ministro Moraes desmantelar o Estado de Direito no país e arrastar as relações entre nossas grandes nações para o ponto mais sombrio em dois séculos”.
Possíveis sanções
A crise diplomática ganhou novos contornos após declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Ele indicou que o Brasil poderá sofrer novas sanções econômicas e políticas em breve, caso a situação não seja revista.
Rubio destacou que os Estados Unidos não tolerariam violações de direitos fundamentais, citando censura e perseguições judiciais a opositores. Embora não tenha detalhado quais medidas poderiam ser aplicadas, analistas internacionais avaliam que restrições comerciais ou suspensão de acordos de cooperação estariam no radar de Washington.
Reações internas
As declarações da embaixada dos EUA rapidamente repercutiram no Brasil. Aliados de Alexandre de Moraes consideraram o comunicado como uma “ingerência grave” em assuntos internos do país, ressaltando que decisões do Supremo Tribunal Federal devem ser respeitadas por qualquer nação.
Por outro lado, opositores do ministro aproveitaram a manifestação norte-americana para reforçar críticas à condução dos inquéritos relacionados à liberdade de expressão e à responsabilização de figuras políticas.
Impactos nas relações Brasil-EUA
Especialistas apontam que este pode ser o episódio mais tenso na relação bilateral desde os anos 2000, quando os Estados Unidos foram acusados de espionagem de autoridades brasileiras. A diferença agora, segundo diplomatas, é que as críticas partem oficialmente da embaixada, em linguagem direta e sem os filtros tradicionais da diplomacia.
O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre as declarações, mas há expectativa de que o Ministério das Relações Exteriores convoque o embaixador norte-americano em Brasília para prestar esclarecimentos.
Enquanto isso, a nota da embaixada segue gerando forte repercussão, dividindo opiniões no Brasil e evidenciando a complexidade da atual crise diplomática entre os dois países.
Da Redação com informações do Portal Metrópoles
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Leia mais notícias abaixo
PL decide expulsar vereador que chamou Michelle Bolsonaro de “quenga”; mas o político rebeteu, veja
Após decisão do STF, conheça as quatro opções de prisão para Bolsonaro
Primeira Turma fixa pena total de 27 anos e três meses para Jair Bolsonaro