O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (17), a urgência do projeto que trata da anistia a condenados pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023. Foram 311 votos favoráveis, 163 contrários e sete abstenções. O resultado foi acompanhado à distância pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se surpreendeu com a força dos votos, mas fez duras críticas ao aceno de uma possível “anistia light”.
Expectativa superada
Segundo relato do deputado Sanderson (PL-RS), que esteve em visita ao ex-presidente, Bolsonaro assistiu à votação pela televisão e não esperava um placar tão expressivo. A reunião entre os dois, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durou cerca de duas horas.
Bolsonaro reafirmou seu desejo de que a anistia seja ampla, geral e irrestrita, incluindo os condenados mais humildes e até a si próprio. A posição contrasta com falas anteriores, quando dizia não buscar benefícios pessoais.
Críticas à “anistia light”
O ex-presidente foi categórico ao orientar seus aliados a se posicionarem contra uma proposta de perdão parcial. Para ele, qualquer tentativa de redução de penas em vez de perdão total seria considerada insuficiente.
“Bolsonaro pediu esforço para derrubar qualquer ‘anistia light’”, relatou Sanderson.
Apesar da posição firme dos bolsonaristas, o relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), defendeu que “anistia ampla, geral e irrestrita é impossível”. Segundo ele, o texto em discussão pode frustrar tanto setores da direita quanto da esquerda.
Repercussão política
A aprovação da urgência acelera a tramitação do tema na Câmara, embora ainda não haja consenso em torno do mérito. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou em suas redes sociais que o Brasil precisa de “pactuação e diálogo” e que o plenário é soberano para decidir os rumos da proposta.
Motta também afirmou que vai escolher um relator capaz de construir um substitutivo com apoio da maioria ampla. O nome deve ser anunciado ainda nesta quinta-feira (18).
Saúde e bastidores
Durante a conversa, Sanderson revelou que Bolsonaro parecia abatido, magro e com olheiras. O deputado relatou que o ex-presidente soluçou o tempo todo e vomitou duas vezes durante a visita. Ele teria comentado sobre a preocupação com o câncer de pele e exibido o braço direito, de onde retirou uma lesão recentemente.
Mesmo assim, Sanderson afirmou que Bolsonaro mantém disposição para disputar eleições futuras, encarando uma eventual candidatura como forma de evitar maiores desgastes jurídicos.
O cenário da oposição
Com a urgência aprovada, a oposição ganhou fôlego, mas o tema segue cercado de polêmicas. Parlamentares próximos a Bolsonaro defendem a anistia total, enquanto parte da base governista e até setores independentes consideram que o perdão integral é inviável.
Nos próximos dias, a articulação política será decisiva para definir se a proposta avançará em formato mais restrito ou se haverá brecha para atender às pressões do ex-presidente e seus aliados.
Enquanto isso, Bolsonaro segue acompanhando cada movimento da cena política de sua residência, sob vigilância de policiais penais, e reafirma sua linha dura contra qualquer tentativa de acordo que não contemple uma anistia ampla.
Da Redação com informações UOL
Foto: Reprodução Redes Sociais
Leia mais notícias abaixo
Cavalo tenta morde cabeça de Dudu Camargo em A Fazenda 17; veja o vídeo
Após atacar Nikolas Ferreira, Whindersson Nunes perde milhares de seguidores; entenda a polêmica
Após decisão do STF, conheça as quatro opções de prisão para Bolsonaro
Primeira Turma fixa pena total de 27 anos e três meses para Jair Bolsonaro