Um empresário de 29 anos foi levado à força para uma clínica de reabilitação em São Paulo após ser convidado pela mãe para um almoço sobre a divisão de herança deixada pelo pai, avaliada em mais de R$ 7 milhões. O caso ocorreu em 22 de agosto e envolve acusações de sequestro e desvio de recursos familiares.
Guilherme, o empresário, foi abordado por quatro homens no restaurante onde se encontraria com a mãe, Marta, para discutir bens como casas em condomínio. Segundo ele, ao chegar, foi rendido e colocado em um carro contra a vontade. Marta estava presente durante o episódio. Os homens eram funcionários de uma clínica de dependentes químicos. Guilherme afirma não usar drogas.
Imagens gravadas por clientes do restaurante mostram Guilherme resistindo por cerca de seis minutos, gritando por socorro e segurando a porta de um Fiat Uno. O irmão dele também estaria no local, auxiliando na remoção. Durante o deslocamento, pertences de Guilherme foram tomados.
Na clínica, Guilherme foi mantido sedado o dia todo. Marta não informou a localização dele a ninguém da família. Guilherme mantinha um relacionamento com Bianca, que iniciou buscas após seu desaparecimento. Ela localizou a primeira clínica, gravou um vídeo confirmando a presença dele e obteve autorização judicial para retirá-lo. No mesmo dia ele foi transferido para outra unidade.
Na segunda clínica, em Pirassununga, interior de São Paulo, Guilherme interrompeu a medicação, simulando ingestão e descartando-a no banheiro. Ele observou a rotina dos funcionários e acessou um computador antigo em uma biblioteca, sem cabo de rede inicialmente. Nos dias seguintes, conectou o equipamento à internet e enviou mensagem via rede social para Bianca e a sogra: “Socorro, fui sequestrado. Estou no [endereço]. Por 30 dias me fizeram assinar”.
A mensagem incluía uma localização baseada em um outdoor próximo.
Bianca usou Google Maps para identificar uma placa na entrada da clínica, em meio a um canavial, e chamou a polícia. Ela chegou ao local, descrito como uma estrutura com muros altos e isolada, cerca de 4 a 5 km de canaviais. Com apoio policial, Guilherme foi liberado.
O conflito com a mãe começou após Guilherme descobrir desfalques na loja de autopeças da família. Marta administrava a loja na época. Guilherme descobriu um empréstimo de R$ 600 mil via CNPJ da autopeças, valor utilizado em outra empresa.
Outra acusação é a contratação de um seguro de vida superior a R$ 700 mil em nome de Guilherme, feita por Marta, sem o conhecimento de Guilherme, com ela como única beneficiária. As internações coincidiram com a assinatura do seguro.
Guilherme realizou exame toxicológico, que não detectou vestígios de drogas, contestando laudos médicos apresentados pela clínica. A unidade emitiu nota afirmando que a internação foi voluntária, com assinatura de formulários por Guilherme na presença de Marta, e citou laudo de médico particular atestando uso constante de drogas e passagens anteriores por clínicas – fato negado por ele.
A equipe jornalística tentou contatar Marta em seu condomínio de luxo em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo. Ela recusou entrevista: “Eu posso te mandar o número do meu advogado, você conversa com ele, porque a conversa não é essa”. Prometeu fornecer o contato do advogado, mas não o fez.
Guilherme acusa Marta de vender duas casas herdadas do pai, cada uma avaliada em cerca de R$ 2 milhões.
Guilherme processa a mãe judicialmente por privação de liberdade e traumas causados. O caso tramita na Justiça, com boletim de ocorrência e processo em andamento. A clínica mantém que seguiu procedimentos regulares.
Foto: Divulgação.
Fonte: Record, Cidade Alerta