Sem dinheiro para pagar uma UTI aérea, o brasileiro Ubiratan Rodrigues, de 41 anos, planeja trazer ao Brasil, de motorhome, a esposa Fabíola da Costa, de 32 anos, que vive em estado vegetativo desde setembro de 2024, após sofrer um mal súbito na Flórida (EUA).
A viagem — que deve durar cerca de 50 dias — inclui também os três filhos do casal, e é vista pelo marido como a única chance de retorno ao país.
“Se não conseguirmos o valor da UTI aérea, não temos outra opção. O dinheiro arrecadado já está sendo usado para viver aqui. Quanto mais o tempo passa, mais gastamos, e menos chance temos de voltar”, disse Ubiratan.
UTI aérea custaria até R$ 1 milhão
Segundo o marido, o transporte de UTI aérea até Juiz de Fora (MG), onde vive a família de Fabíola, custaria entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão.
Sem conseguir levantar o valor, ele decidiu buscar uma alternativa sobre rodas.
O plano é adaptar um motorhome com cama fixa, oxigênio e suporte para traqueostomia, o que reduziria os custos para cerca de R$ 200 mil.
“Com o carro certo, fixo a cama no piso e prendo os equipamentos. O mais importante é ter estabilidade e espaço para ela viajar deitada”, explicou.
Rota de 6.800 km até o Brasil
Ubiratan já mapeou uma rota alternativa, evitando desertos e áreas perigosas nos Estados Unidos, especialmente nos estados do Novo México, Califórnia e Arizona.
O trajeto começa na Flórida e segue por México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador e Peru, com entrada no Brasil pelo Acre.
“Desviar do deserto aumenta o trajeto em até 30%, mas é necessário. Incluí locais com hospitais, postos de polícia e pontos de apoio”, contou.
A jornada deve começar no início de novembro e será feita com os três filhos: uma criança de 5 anos e dois adolescentes, de 14 e 17 anos.
Tragédia inesperada
Fabíola vivia uma vida saudável até sofrer um mal súbito em setembro de 2024. Ela teve três paradas cardíacas e uma perfuração no pulmão durante as manobras de reanimação.
Sem diagnóstico fechado, perdeu a oxigenação cerebral, o que resultou em estado vegetativo permanente.
“Ela sente dor, reage a estímulos e se movimenta, mas depende integralmente de cuidados”, relatou o marido.
Desde então, Ubiratan deixou o trabalho como caminhoneiro para se dedicar integralmente à esposa e aos filhos.
“Estamos esgotados emocional e financeiramente. Nossa esperança está em voltar para Juiz de Fora e contar com o apoio da família e do SUS”, afirmou.
Apoio consular e doações
O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Orlando, acompanha o caso e presta suporte psicológico e orientações legais, mas não oferece ajuda financeira.
As vaquinhas online criadas pela família têm garantido apenas os custos de sobrevivência nos EUA, o que reduziu a arrecadação inicial para o transporte.
“As pessoas doam uma vez. O problema é que a arrecadação desacelera, mas as despesas continuam”, lamentou.
Requisitos para a travessia
De acordo com o Escritório de Assuntos Públicos da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, viagens internacionais por terra com pacientes em condições críticas são permitidas, desde que o veículo e os viajantes cumpram todas as exigências legais.
Será necessário apresentar documentação do motorhome, dos passageiros e equipamentos médicos, além de planejamento de abastecimento e suporte médico durante o trajeto.
Esperança sobre rodas
Enquanto a compra do motorhome não é concluída, Ubiratan mantém a fé e segue cuidando da esposa.
“Não dá mais para esperar. Se Deus permitir, vamos cruzar o continente e chegar em casa com ela”, disse emocionado.
Fonte: Com informações do G1
Foto: reprodução / Rede Social