O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desistiu de viajar a Brasília nesta segunda-feira (15), onde pretendia articular a aprovação da proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros réus condenados pela tentativa de golpe de Estado.
O embarque estava marcado para as 16h30, mas o Palácio dos Bandeirantes anunciou, no fim da manhã, o cancelamento sem detalhar os motivos. O recuo ocorre logo após a divulgação de pesquisa Datafolha que mostrou que 54% dos brasileiros rejeitam a anistia, enquanto 39% apoiam a medida.
Bastidores da oposição
Mesmo sem a presença de Tarcísio, líderes da oposição planejam encontros nesta semana para discutir estratégias e tentar avançar com o projeto no Congresso. A articulação enfrenta forte resistência de parte da cúpula parlamentar e do governo federal.
No sábado (13), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se reuniu com Gilberto Kassab, presidente do PSD, que sinalizou apoio ao debate, mas alertou que não concorda com uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como defendem aliados de Bolsonaro.
Valdemar também deve se reunir nos próximos dias com Marcos Pereira, presidente do Republicanos, partido de Tarcísio. Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, havia afirmado que aguardava justamente a ida do governador paulista à capital federal para dar novo fôlego às negociações.
Encontros recentes
No início do mês, Tarcísio esteve em Brasília, onde se reuniu com o senador Ciro Nogueira (PP) e o presidente da Câmara, Hugo Motta. Em São Paulo, recebeu no Palácio dos Bandeirantes o pastor Silas Malafaia e Sóstenes Cavalcante, em um encontro que se estendeu pela madrugada.
Condenação e cenário político
A pressão pela anistia ganhou força após a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (11). O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes como organização criminosa, tentativa de golpe e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Outros sete réus também foram condenados.
Apesar da desaprovação popular medida pelo Datafolha, Tarcísio tem defendido publicamente a anistia. Em entrevista ao Diário do Grande ABC, classificou a medida como um “remédio político que garante pacificação”. O governador também afirmou que, caso chegue à Presidência em 2026, seu primeiro ato seria conceder indulto a Bolsonaro.
Da Redação com informações do Bacci Notícias
Foto: reprodução/Estadão
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