Português é preso após oferecer recompensa de 500 euros por ‘cabeça’ de brasileiros; saiba mais

Português é preso após oferecer recompensa de 500 euros por ‘cabeça’ de brasileiros; saiba mais

Um caso de incitação à violência contra imigrantes brasileiros causou forte repercussão em Portugal nesta semana. A Polícia Judiciária prendeu, na segunda-feira (8), um homem de 56 anos que divulgou nas redes sociais um vídeo no qual oferecia 500 euros (cerca de R$ 3,1 mil) a quem lhe entregasse a “cabeça de um brasileiro”.

O conteúdo se espalhou rapidamente, gerou indignação e mobilizou a comunidade brasileira no país, além de despertar atenção internacional.

O vídeo de ódio

Nas imagens, o suspeito, que se apresentava na internet como Pasteleiro Lince e trabalhava em uma padaria em Aveiro, dizia:

“Cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses ‘zukas’ que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, eu pago 500 euros.”

As declarações foram consideradas graves pelo impacto social e pela forma explícita como incitavam violência contra estrangeiros.

Ação policial

Em comunicado, a Polícia Judiciária afirmou que o homem, identificado pelas iniciais J.P.S.O., está “fortemente indiciado” por crimes de incitação ao ódio e à violência. As autoridades ressaltaram que o vídeo provocou “forte alarme social” e resultou em inúmeras denúncias.

Segundo a corporação, ele já estava sob investigação antes mesmo da repercussão pública. O suspeito foi preso em sua casa sem oferecer resistência e será apresentado à Justiça para decidir se ficará em prisão preventiva ou responderá em liberdade.

O homem possui antecedentes por crimes contra o patrimônio. Ele dispensou advogado particular e será representado por um defensor público.

Repercussão

O episódio provocou forte reação entre os brasileiros que vivem em Portugal. Em entrevista à BBC News Brasil, a advogada Catarina Zuccaro, que apresentou queixa-crime ao Ministério Público, declarou:

“Vivo aqui há 25 anos e nunca tinha presenciado tamanho ódio. A reação da polícia foi mais rápida do que o normal justamente pela gravidade do caso.”

A padaria onde o homem trabalhava também se manifestou. Em nota, afirmou que ele já não integra o quadro de funcionários e que a empresa repudia qualquer tipo de racismo. Destacou ainda que sua equipe é formada por pessoas de várias nacionalidades, incluindo brasileiros, e que valoriza a diversidade no ambiente de trabalho.

Contexto de crimes de ódio

O caso se soma a um aumento expressivo de denúncias de crimes de ódio em Portugal. Segundo relatório do Conselho Europeu, em 2023 foram registradas 347 ocorrências desse tipo, número cinco vezes maior do que o contabilizado em 2018, quando houve 63 registros.

Especialistas apontam que o crescimento pode estar relacionado à maior conscientização da população em denunciar casos de violência verbal e física contra estrangeiros. Ainda assim, a escalada preocupa comunidades migrantes, que pedem maior proteção e campanhas de combate à xenofobia.

Próximos passos

O homem preso deve passar por audiência judicial nos próximos dias. A Justiça portuguesa definirá se ele continuará em prisão preventiva ou se responderá ao processo em liberdade com medidas cautelares.

Enquanto isso, a comunidade brasileira em Portugal organiza atos de solidariedade e cobra políticas públicas mais efetivas de combate ao discurso de ódio.

Da Redação com informações do G1

 Foto: Reprodução via BBC

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