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Vereador de Joinville chama Pará de “lixo” ao criticar migrantes do Norte e Nordeste e gera indignação entre lideranças políticas

Vereador de Joinville chama Pará de “lixo” ao criticar migrantes do Norte e Nordeste e gera indignação entre lideranças políticas

O vereador Mateus Batista (União Brasil), de Joinville, em Santa Catarina, gerou forte polêmica após declarações consideradas preconceituosas sobre migrantes vindos do Norte e Nordeste do país. Durante uma sessão na Câmara Municipal, na segunda-feira (25), o parlamentar afirmou que o “Estado do Pará é um lixo”, associando a migração de moradores da região ao aumento de problemas sociais na cidade.

As falas, amplamente divulgadas nas redes sociais, provocaram indignação em parlamentares, lideranças políticas e moradores de diferentes estados.

O discurso polêmico

O vereador, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), defendeu um projeto de lei que pretende restringir a migração de pessoas para Joinville. A proposta prevê que novos moradores precisem comprovar residência em até 14 dias após a mudança, sob pena de não poderem permanecer legalmente no município.

Segundo ele, a medida buscaria conter o fluxo migratório, que, em sua visão, sobrecarrega os serviços públicos e aumenta a desordem social.

“Enquanto Brasília suga nossos impostos e devolve menos da metade, estados mal administrados como o Pará empurram sua população pra cá. O resultado? Congestionamentos, serviços públicos sobrecarregados e aumento da desordem social. Se não controlarmos o fluxo migratório, Santa Catarina vai explodir!”, escreveu em sua conta no Instagram.

Durante o discurso, Batista destacou dados de Belém, mas de forma distorcida, e atacou diretamente o Pará: “Belém tem 57% da sua população favelizada. Estou falando da forma como o Estado é governado. Esse fluxo migratório está sendo pressionado novamente por causa de Estados mal geridos no Norte e Nordeste. O Estado do Pará é um lixo.”

Reações de repúdio

A fala foi imediatamente contestada por colegas na Câmara de Vereadores de Joinville. A vereadora Vanessa da Rosa (PT) classificou as declarações como “criminosas” e “vergonhosas para o parlamento”.

“Além de dados e informações erradas, ele reforça que o estado do Pará é um lixo e a migração é um problema para Joinville. Nossa cidade é feita de migrantes e imigrantes e sempre acolheu todos e todas que vieram pra cá”, publicou em suas redes sociais.

Fora de Santa Catarina, a reação também foi forte. O vereador Pablo Farah (MDB), de Belém do Pará, gravou um vídeo em resposta a Batista.

“Vai cuidar da saúde pública, vai cuidar da segurança, que eu acho que tu nunca foi defender na rua mesmo. Tu és preconceituoso, sim, tu és racista e xenofóbico.”

Histórico de polêmicas

Não é a primeira vez que Mateus Batista se envolve em controvérsia por falas sobre migração. Em publicações anteriores, ele já havia afirmado que “Santa Catarina pode virar um grande favelão” caso o fluxo de migrantes do Norte e Nordeste não fosse controlado.

O vereador conta com apoio político de figuras nacionais, como o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), e afirma que sua proposta se inspira em “modelos internacionais como o da Alemanha”.

O retrato da migração em Joinville

Dados do Censo 2022 do IBGE mostram que Joinville, maior cidade de Santa Catarina, tem 29,9% da população formada por pessoas nascidas fora do estado, ou seja, quase um terço dos moradores. Isso equivale a cerca de 185 mil pessoas.

Os principais estados de origem dos migrantes são Paraná (11,7%), São Paulo (4,0%) e Rio Grande do Sul (3,2%). Já o Pará aparece com 2,0% do total, o que corresponde a cerca de 12,1 mil paraenses em uma cidade de 616 mil habitantes.

Embora tenha registrado crescimento em relação ao Censo de 2010, a participação dos migrantes paraenses continua sendo pequena em termos proporcionais.

Indignação nacional

A declaração de Batista, ao reduzir um estado inteiro a uma expressão pejorativa, gerou debates sobre xenofobia e preconceito regional no Brasil. Diversos usuários das redes sociais criticaram o discurso, apontando que migrantes do Norte e Nordeste ajudaram historicamente a construir cidades do Sul e do Sudeste.

Organizações civis e coletivos de migrantes também repudiaram as falas, afirmando que elas reforçam estereótipos e alimentam a discriminação contra comunidades nordestinas e nortistas.

A Câmara de Vereadores de Joinville ainda não anunciou se abrirá procedimento interno para apurar as declarações do parlamentar.

Da Redação com informações site UOL e ND+

Foto: Reprodução Mauro Schlickman/CVJ/ND

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