PF indicia Bolsonaro e Eduardo por obstrução e coação; investigação cita envio de milhões e plano de fuga; saiba detalhes

PF indica Bolsonaro e Eduardo por obstrução e coação

A PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo por tentativa de obstrução de Justiça e coação de autoridades, em mais um capítulo das investigações que cercam a trama golpista de 2022. O ex-presidente e o deputado federal licenciado (PL-SP) teriam atuado de forma articulada para financiar e sustentar narrativas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a própria Polícia Federal.

De acordo com os investigadores, a movimentação de valores, mensagens interceptadas e indícios de uma possível fuga para a Argentina demonstram a gravidade das ações atribuídas ao núcleo político da família Bolsonaro. O caso reforça a linha de apuração que já levou o STF a impor medidas cautelares e que, agora, coloca o ex-chefe do Executivo e seu filho no centro de mais uma acusação formal.

Envio de recursos e apoio internacional

O relatório aponta que a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo com base em provas de transferências financeiras no valor de R$ 2 milhões. O montante teria sido enviado para sustentar atividades ilícitas de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.

Segundo a investigação, o parlamentar licenciado manteve articulações junto a autoridades norte-americanas para tentar impor sanções a agentes públicos brasileiros. A narrativa defendida era a de suposta perseguição política contra o grupo, denunciado por crimes como Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.

Mensagens atribuídas a Eduardo indicam que suas postagens tinham o objetivo de atrapalhar o andamento da Ação Penal 2.668 e de intimidar ministros do STF.

Tentativa de fuga para a Argentina

Outro ponto que levou ao indiciamento foi a suspeita de fuga. Documentos apreendidos pela Polícia Federal revelaram que a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo após encontrar rascunhos que mencionavam um pedido de asilo político à Argentina, datados de fevereiro de 2024.

Embora não houvesse assinatura nem data confirmada, os investigadores apontam que o material indica planejamento consistente para deixar o Brasil, especialmente após a deflagração da operação Tempus Veritatis, que investigou os atos golpistas em Brasília.

Envolvimento de Silas Malafaia

A investigação também destacou a atuação do pastor Silas Malafaia, que teria utilizado sua influência para fortalecer o discurso de coação contra ministros do STF.

A PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo considerando que as conversas entre o ex-presidente e o líder religioso faziam parte de uma estratégia coordenada para reforçar, nas redes sociais, mensagens em apoio às articulações golpistas.

Segundo os autos, a adesão de Malafaia ao projeto criminoso ficou evidente pelo uso de sua autoridade religiosa e midiática para difundir conteúdos que buscavam enfraquecer instituições democráticas.

Descumprimento de medidas cautelares

Outro ponto levantado na investigação foi a violação de restrições impostas pelo STF. A PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo após constatar que o ex-presidente utilizou celulares não autorizados para manter intensa atividade digital.

Os aparelhos apreendidos em operações sucessivas mostraram produção de mensagens e vídeos destinados às redes sociais, em afronta às ordens da Corte.

Além disso, Bolsonaro teria mantido contato direto com o general Walter Braga Netto, também réu na ação sobre a tentativa de golpe de Estado, e com Martin de Lucca, representante da rede social Rumble e da Trump Media.

Moraes exige explicações

Diante das novas evidências, o ministro Alexandre de Moraes determinou que Bolsonaro apresente esclarecimentos em até 48 horas. O magistrado destacou a “reiteração das práticas delitivas” e o “descumprimento reiterado” das cautelares como agravantes do caso.

A decisão reforça que a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo não apenas pelo planejamento de atos ilícitos, mas também pela execução de estratégias que tentavam enfraquecer instituições brasileiras e pressionar autoridades públicas.

Repercussão política

O indiciamento tem forte repercussão no cenário político, sobretudo porque ocorre em meio a debates sobre as eleições de 2026. A oposição avalia que a situação de Bolsonaro se complica a cada nova revelação. Já seus aliados classificam a investigação como “perseguição política”.

Mesmo assim, os autos reforçam que a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo com base em provas documentais, movimentações financeiras rastreadas e comunicações digitais, o que fortalece o peso da acusação.

Perspectivas jurídicas

O caso será analisado pelo Supremo Tribunal Federal, que decidirá se transforma o indiciamento em denúncia formal. Caso isso ocorra, Bolsonaro e Eduardo podem se tornar réus em mais uma ação que envolve a tentativa de golpe de Estado.

O futuro político da família, portanto, permanece em aberto, mas o indiciamento mostra que a PF indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo sob acusações graves, que poderão ter reflexos tanto jurídicos quanto eleitorais nos próximos anos.

Da Redação com informações site Consultor Jurídico

Foto: Reprodução Redes Sociais / CBN

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