Em entrevista publicada nesta última segunda-feira (18) pelo jornal norte-americano Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que não existe a menor possibilidade de recuar em suas decisões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Relator da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o magistrado foi categórico ao declarar que seguirá conduzindo o processo com base nas provas apresentadas.
Segundo Alexandre de Moraes, a democracia brasileira enfrenta um cenário desafiador e exige respostas firmes do Judiciário. Ele utilizou uma metáfora para descrever o atual momento político do país, afirmando que o Brasil foi infectado pela “doença da autocracia” e que sua função é aplicar a “vacina” por meio da Justiça.
“Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as evidências e quem tiver de ser condenado, será condenado. Quem tiver de ser absolvido, será absolvido”, disse.
Rejeição a críticas sobre concentração de poder
Durante a entrevista, Alexandre de Moraes negou que haja concentração de poder em suas mãos. O ministro ressaltou que mais de 700 de suas decisões foram revisadas por colegas de Corte e nenhuma delas foi anulada. Ele também destacou que a experiência histórica do Brasil, marcada por ditaduras e tentativas de ruptura institucional, torna necessária uma atuação judicial firme e sem hesitação.
“Não há a menor chance de recuar um milímetro sequer”, reforçou.
O ministro ainda comparou a realidade brasileira à dos Estados Unidos, lembrando que a trajetória nacional envolve crises que exigiram medidas imediatas e contundentes para a preservação do Estado Democrático de Direito.
As sanções impostas pelos EUA
Outro ponto abordado na entrevista foi a inclusão do nome de Alexandre de Moraes em sanções norte-americanas baseadas na Lei Magnitsky. O magistrado reconheceu que a medida não é “prazerosa”, mas afirmou que se trata de uma consequência de sua atuação contra forças políticas que, segundo ele, buscavam eliminar a democracia brasileira.
Para o ministro, o episódio das sanções é resultado de “falsas narrativas” espalhadas em nível internacional, muitas delas propagadas por aliados de Jair Bolsonaro, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Continuidade das investigações
De acordo com Alexandre de Moraes, as apurações relacionadas aos atos antidemocráticos de 2022 seguirão pelo tempo que for necessário. O magistrado garantiu que não cederá a pressões internas ou externas e reiterou que a base de suas decisões é o conjunto de provas levantadas nos inquéritos.
“O Brasil não pode permitir retrocessos. A democracia é um valor que precisa ser protegido com firmeza”, afirmou.
Impacto político das declarações
As declarações de Alexandre de Moraes repercutiram entre apoiadores e opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Parlamentares da oposição classificaram as falas como autoritárias, enquanto aliados do governo defenderam a postura firme do ministro. Analistas políticos avaliam que o tom adotado reforça a linha dura da Suprema Corte no enfrentamento a movimentos que contestam o resultado das urnas.
O fato de Alexandre de Moraes conceder uma entrevista a um veículo internacional de grande alcance também foi interpretado como um sinal de que o STF busca projetar ao exterior a imagem de uma Justiça brasileira ativa na defesa do Estado de Direito.
Compromisso com a democracia
Ao encerrar a entrevista, Alexandre de Moraes reafirmou que seu compromisso é com a democracia e que o país não pode tolerar tentativas de ruptura institucional. Para ele, a Justiça tem um papel decisivo em assegurar que episódios como os registrados em 2022 não se repitam.
“Estamos imunizando o Brasil contra retrocessos. Essa é a missão que temos hoje”, concluiu o ministro.
Fonte: Bacci Notícias
Foto: Agência Brasil
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