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Mulher morre de desnutrição após viver trancada em casa de pastora em Belém

A Polícia Civil do Pará decretou a prisão preventiva da pastora Marleci Ferreira de Araújo, e do marido dela, Ronnyson dos Santos Alcantara. O casal é acusado de submeter uma mulher a maus-tratos físicos e psicológicos, que culminaram na morte da vítima.

De acordo com a Polícia Civil (PC), os agentes receberam, no dia 15 de maio deste ano, uma denúncia sobre as condições em que a vítima, identificada apenas como Flávia, vivia enquanto morava com o casal. Segundo a denúncia, ela era obrigada a realizar trabalhos domésticos e apresentava estado de desnutrição.

Ainda conforme a polícia, no mesmo dia eles foram até a casa onde a vítima estava. Do portão, chamaram pela mulher, que apareceu visivelmente debilitada e com aspecto físico extremamente magro. Ela negou os fatos, alegando manter relação de amizade com o casal e de ser vítima de intolerância religiosa por parte da própria família.

Ainda de acordo com a polícia, diante da negação da mulher, uma inspeção foi realizada no cômodo e constatou condições precárias de moradia, além de indícios de possível alienação emocional .

No dia 19 de junho, a Polícia Civil foi informada sobre a morte da vítima, causada por desnutrição grave, conforme apontado pelo laudo médico. Segundo o boletim de atendimento hospitalar, a mulher foi levada pelo casal ao Pronto Socorro Municipal (PSM) do Guamá. Eles se apresentaram como “vizinhos” da vítima e a deixaram no local sem qualquer documentação.

A polícia informou que, após a morte, a dupla fugiu do local ao serem informados pela assistente social da necessidade de registro de ocorrência, por conta da suspeita de morte decorrente de maus-tratos, apontada pela médica responsável pelo atendimento.

O casal preso no Pará por suspeita de submeter Flávia Cunha Costa, de 43 anos, a maus-tratos físicos e psicológicos que resultaram na morte da vítima .

“Essa pastora começou a dizer ‘tenho a solução para os teus problemas’, começou a falar muitas coisas para a Flávia, dizer que ela não tinha que estar perto da família, que todos eram endemoniados, que ela devia se penalizar para que se purificasse por meio de jejuns”, afirma Ana Paula Santos, prima de Flávia.

Enquanto Flávia estava com o casal, a família dela tentou intervir, segundo vizinhos do casal preso, mas não conseguia convencer a mulher a deixar o local. A dupla usava a religião como ferramenta de dominação e manteve Flávia em situação degradante por anos, privada de alimentação, cuidados e exposta à violência emocional constante.

“Tudo girava em torno de uma cura espiritual, um tratamento espiritual, que as vitimas já fragilizadas iam entrando, iam sendo manipuladas com o tempo”, detalha a delegada Bruna Paolucci, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher .

Foto: Divulgação.

FONTE G1 PARÁ