Mulher presa por perseguir médico fez mais de 500 ligações e enviou 1.300 mensagens em um dia; “trocar de número de celular era inútil”

Nesta segunda-feira (20), veio à tona um caso alarmante de perseguição obsessiva. Kawara Welch foi presa no início do mês por “stalking”, crime reconhecido desde 2021. Nas redes sociais, a mulher se apresenta como artista plástica, mas alimentou uma obsessão pelo médico na esperança de um relacionamento amoroso. Essa história foi divulgada inicialmente pelo Fantástico.

O “stalking” envolve perseguição persistente, seja pessoalmente ou por meios como telefonemas e mensagens, com penas que variam de seis meses a dois anos de prisão.

O médico, que preferiu manter sua identidade em sigilo, conheceu Kawara em 2018 durante um tratamento para depressão. Após outros atendimentos, Kawara passou a procurá-lo na clínica onde ele trabalhava, iniciando uma série de comportamentos perturbadores.

“Ela teve acesso ao meu celular e começou a enviar mensagens e fotos perturbadoras mesmo, amarrando lençol, corda no pescoço, se despedindo de mim. Eu entrei em pânico”, relatou o médico.

As mensagens de Kawara logo se tornaram ameaçadoras. O médico decidiu interromper os atendimentos, mas Kawara continuou a insistir. Nos plantões do hospital particular, ele pedia que outro profissional a atendesse. Mesmo evitando contato, a situação se agravou.

“Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia. E mais de 500 ligações num único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo”, afirmou o médico.

Kawara também ligava insistentemente para a esposa e o filho do médico. As investigações revelaram montagens feitas por ela nas redes sociais para sugerir um relacionamento entre eles.

A perseguição não parou por aí. Kawara seguia o médico nas ruas, no trabalho e em congressos de medicina. Em 2022, invadiu o consultório durante um atendimento e trocou agressões com a esposa dele. Um ano depois, atacou novamente no mesmo local, com xingamentos e acusações de roubo.

“Tinha momentos de horrores, que eu entrava em pânico, porque ou ela aparecia ou ela fazia alguma coisa inesperada”, desabafou o médico.

Kawara foi presa em flagrante, mas ficou detida apenas uma semana, sendo liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil. Em março de 2023, a Justiça ordenou sua prisão preventiva por violar medidas cautelares. Kawara ficou foragida por mais de um ano até ser capturada na semana passada em Uberlândia, onde estudava nutrição.

O advogado de Kawara alega que houve um envolvimento entre ela e o médico, o que ele nega categoricamente. “Nós acreditamos não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara”, declarou o delegado Rafael Faria.

O psiquiatra Daniel Barros explicou ao Fantástico que o “stalking” pode ou não estar relacionado a transtornos psíquicos, mas o processo não contém laudo sobre as condições mentais de Kawara.

O médico e sua esposa estão em tratamento para controlar o pânico há um ano.

Da redação do Acontece na Bahia

Foto: Reprodução