Vídeo mostra PM usando skate para bater em mãe e filho em SP; mulher diz que dedo foi quebrado

Um vídeo mostra o momento que policiais militares invadem uma casa na Zona Norte de São Paulo, encurralam mãe e filho numa escada e um dos agentes usa o skate do rapaz para bater nos dois (veja acima).

A mulher, a vendedora Eliana Malaquias Barbosa, de 45 anos, alega que teve o dedo quebrado por causa do golpe. O rapaz, o tatuador Ataniel Barbosa Alves de Sousa, 24 anos, conta que ficou com o braço inchado.

Os agentes da Polícia Militar (PM) disseram na delegacia que entraram no imóvel depois de verem Ataniel arremessando objetos com outras pessoas nas viaturas. Elas foram chamadas para acabar com um baile funk que bloqueava as ruas da Brasilândia.

O caso ocorreu na madrugada do dia 13 de outubro na comunidade, mas só veio à tona neste mês depois que a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio teve acesso às imagens, identificou as vítimas e levou tudo às autoridades para apurar a conduta dos agentes da PM.

‘Desacato e resistência’
A filmagem foi encaminhada ao Ministério Público (MP) e à Corregedoria da Polícia Militar. Procurada pelo G1, a Ouvidoria da Polícia cobrou a apuração dos órgãos.

Eliana e Ataniel foram parar na delegacia com os policiais, onde cada um deu sua versão para o que aconteceu. A ocorrência envolvendo mãe e filho foi registrada como “desacato” e “resistência” no 72º Distrito Policial (DP), Vila Penteado.

Depois de liberada, Eliana foi ao hospital, onde, segundo ela, foi constatada fratura no dedão da mão esquerda. Por esse motivo engessou o braço por algumas semanas.

“Perguntou o que acontecia, e foi atingida por dois golpes de cassetete dados por dois dos policiais”, informa trecho do registro policial sobre o que a vendedora disse na delegacia a respeito da violência sofrida.

Algemado e machucado

Ataniel foi levado algemado para o DP e também foi solto depois. Ele negou ter jogado paus, pedras e garrafas nas viaturas da PM. Além de ter machucado o braço por causa do golpe de skate, contou ainda ter sofrido lesões na cabeça devido as pancadas com cassetetes.

“Me levaram preso. Me tiraram de dentro de casa. Invadiram a casa e bateram em todos que aqui estavam”, disse o tatuador nesta terça-feira (26) ao G1.
Baile Funk
Os policiais alegaram no Distrito Policial que atuavam na Operação Pancadão para liberar a Rua Ítalo Merigo, interditada por 4 mil pessoas.

E que, após a população jogar objetos neles, tiveram de reagir com bombas de efeito moral, balas e borracha e cassetetes para prender os agressores.

Ainda contaram ter visto um agressor se esconder numa casa na Rua Talha-Mar. Esse sujeito era Ataniel, que entrou na casa onde mora com a mãe, Eliana.

“Uma senhora de cabelos louros, que soube posteriormente ser a mãe do autor, que estava com um skate na mão, desferindo golpes com o mesmo, impedia que o autor fosse detido”, informa trecho do registro policial na versão dos PMs.
Outros vídeos mostram o momento que um policial agride um homem com o cassetete. Segundo Ataniel é ele que apanha nas imagens.

Quem filma a ação pede para os policiais não serem violentos. “Aí, senhor! Está oprimindo o pessoal aí, senhor!”, grita o homem que grava a cena. “É covardia, aí, ô desgraçado!”

O primo de Ataniel, um estudante de 17 anos, e mais sete pessoas que estavam na casa também acusam os agentes de agressão. O adolescente conta que um policial deu uma coronhada com a arma na sua testa.

O que dizem
De acordo com os agentes da PM disseram à Polícia Civil, foi “necessário o emprego de uso de força física moderada”.

Por meio de nota o Ministério Público confirmou à reportagem que encaminhou a queixa à Promotoria de Justiça Militar para análise do órgão.

“Vou instaurar [procedimento] hoje e enviar oficio à Corregedoria da PM”, disse ao G1 o ouvidor da polícia, Benedito Mariano.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou por meio de nota que “Corregedoria da Polícia Militar apura o caso. A equipe do 72º DP registrou um TC de desacato e resistência, que foi encaminhado ao Jecrim”.

(Fonte: G1)
(Vídeo: Ponte Jornalismo)