Manifesto contra o presidente Bolsonaro é assinado por mais de 100 psicanalistas cearenses que se unem em oposição

Uma notícia tem sido destaque nas redes sociais nesta quarta-feira (24). Contra o presidente Bolsonaro (sem partido), existe um manifesto assinado por 122 psicanalistas cearenses que questionam a condução das políticas de governo por parte do chefe do executivo durante a fase da pandemia de covid 19.O documento foi assinado nessa segunda-feira (22), e classifica a situação vivida no Basil como ” dramático desastre sanitário”. 

“Vimos reafirmar nosso repúdio mais veemente, nossa indignação e protesto dirigidos às atuais autoridades do Governo Federal, às suas políticas de descaso, desumanidade e desrespeito à vida”, afirmam os profissionais. 

Segundo considerações do psicanalista Valton Miranda Leitão, integrante da Sociedade Psicanalítica de Fortaleza (SPFor), há uma ruptura na sociedade e é preciso se impor como oposição contra o governo federal que defendeu a “promoção da morte”. O profissional ainda comentou que decisão do STF que julgou suspeição do juiz Sergio Moro pode ser combustível que falta para união de esquerdistas e espectros afins contra Bolsonaro. 

Valton informou que há possibilidade de o movimento ganhar força entre os psicanalistas de todo o Brasil com uma ampliação de correntes ideológicas e participação de profissionais de todos os estados. Relatou ainda o aumento de problemas psíquicos no Brasil além da crise sanitária decorrente da pandemia. 

O manifesto ainda traz críticas a demora na liberação do auxílio emergencial e critica os valores que serão entregues aos beneficiários. Os profissionais ainda fazem referência a vacinação durante a pandemia: “Única arma reconhecida pela ciência no combate ao vírus, é tratada com descaso e negligência. Até a dor de nossos irmãos brasileiros diante da perda de seus entes queridos tem sido objeto de chacota e desrespeito”, desabafam.   

“Não precisamos compartilhar de posições político-partidárias, ou mesmo posições ideológicas, para percebermos que estamos sendo (des)governados em direção ao caos sanitário, hospitalar e econômico, rumo a uma consequente ruptura social”, concluem os profissionais envolvidos. 

Veja o manifesto na íntegra, assinado por 122 psicanalistas: 

“Nós, psicanalistas do Estado do Ceará subscritos abaixo, de várias e diferentes filiações institucionais e orientações teóricas, porém compartilhando de uma mesma ética – causa da Psicanálise – frente ao sujeito, à vida, à dignidade diante da morte e considerando a angústia que afeta, não apenas os nossos pacientes, mas a todos que estão vivendo esse dramático desastre sanitário, viemos reafirmar nosso repúdio mais veemente, nossa indignação e protesto dirigidos às atuais autoridades do Governo Federal, às suas políticas de descaso, desumanidade e desrespeito à vida. 

As vidas brasileiras parecem não valer absolutamente nada, sequer um lamento, por parte dos homens e mulheres desse governo, indiferentes, carentes de empatia, de mínimo sentimento de humanidade. O auxílio financeiro, tão indispensável para aqueles que dependem do trabalho cotidiano até para as necessidades mais básicas, tarda em chegar e, ainda assim, chega em quantidade insuficiente. A vacina, única arma reconhecida pela ciência no combate ao vírus, é tratada com descaso e negligência. Até a dor de nossos irmãos brasileiros diante da perda de seus entes queridos tem sido objeto de chacota e desrespeito. 

Nesse sentido, lembramos vários textos psicanalíticos apontando que o inconsciente, na lógica do grupo, pode ser mobilizado contra o odiado inimigo político. É sabido que essa mobilização inibe a razão e estimula a paixão, anulando o pensamento crítico. Entretanto não precisamos compartilhar de posições político-partidárias, ou mesmo posições ideológicas, para percebermos que estamos sendo (des)governados em direção ao caos sanitário, hospitalar e econômico, rumo a uma consequente ruptura social. 

Embora a Psicanálise não seja um instrumento de ação ou de militância político-ideológica, pode contribuir para a razoabilidade da crítica política. Trata-se de uma práxis de resgate da dignidade do sujeito, de recusa à submissão deste ao gozo do outro, e um dispositivo de promoção, no nível do particular, das práticas e conquistas civilizatórias. 

Finalmente, lembramos os prejuízos subjetivos que assolarão as crianças brasileiras, atravessadas pelo ambiente de morte e divisão que paira na sociedade, bem como o trauma da incerteza realizando sua inscrição junto à juventude. Calar-se diante desse descalabro é o maior crime. 

Fortaleza, 22 de março de 2021 

FORA BOLSONARO! VACINAÇÃO JÁ! 

POR UMA POLÍTICA DE SAÚDE SÉRIA NO COMBATE À PANDEMIA!

Da redação do Acontece na Bahia