Dona Rosa, que completou 107 anos, é homenageada por professor na Bahia.

Dona Rosa de Pindaí, que tem 107 anos é homenageada em texto do professor Uelton Borges Silva.

Leia a integra: “É sabido e notório que a história de um município, de um estado, de um pais tem a alma e o coração de seus moradores. Precisamos, neste caso, de alguém que desenvolva a função do coração: Eu, Uelton Borges da Silva, tenho procurado fazer esse papel de suma importância para a minha comunidade, com a publicação em minha página no facebook, de biografias, relatos orais, documentos antigos a respeito das primeiras famílias que povoaram o nosso município e o ALTO SERTÃO BAIANO, em tempo idos. Nota-se que tenho mostrado e compartilhado com meus amigos internautas aquilo que tenho encontrado através das pesquisas, visto que se trata de um importantíssimo inventário histórico, com informações precisas e convincentes, para sobrelevar e enriquecer as nossas origens.
Nesta semana estive em uma das mais antigas comunidades do nosso município, o Povoado de Mato Grosso (comunidade povoada a mais de 200 anos pelas famílias Mendes da Luz, Gomes de Azevedo, entre outras), numa visita a uma personalidade de importância impar para a história do município de Pindai e do estado da Bahia. Talvez poucos a conhecem, mas nesta semana, tive o privilégio de visita-la e ouvir de perto a sua linda história de vida.
Ela é linda, meiga, carinhosa, bondosa, corajosa, caridosa e tantos outros adjetivos que lhe qualificam. Trata-se de ROSA MARIA DE CARVALHO, mais conhecida no seu meio por Dona Rosa de Evangelho. Nascida no dia 02/11/1911, na Fazenda Paga-Tempo, no antigo município de VILA BELA DAS UMBURANAS. Ela é, talvez, a mulher mais velha do município de Pindai, com 107 anos completos. É filha legitima de Francisco Pereira da Silva e Joaquina Maria de Carvalho. Casou-se, em data não conhecida, dois meses antes de completar 17 anos, com Evangelho Pereira da Silva, nascido em data não revelada, na Fazenda Boa Vista em Pindai. Lembrou-se do esposo, falecido há 30 anos, como o seu grande companheiro, um homem muito bom. Fala do seu bem-amado com boas recordações. Diz ainda, que com ele enfrentou as adversidades da vida, trabalhando juntos e de sol-a-sol, para sustentarem a sua família.
Da união de Rosa Maria de Carvalho, com Evangelho Pereira, nasceram uma prole numerosa, formada por 15 filhos, sendo que apenas 08 destes estão vivos, muitos netos, 36 bisnetos, vários tataranetos espalhados por diversas regiões do pais. Segundo ela, Jesus lhe deu a licença de povoar esse imenso Brasil.
Ela é irmã dos senhores Antônio Pereira ( já falecido), Jose Pereira ( já falecido), Isidio Pereira, Ladislau Pereira e Geraldino Pereira ( já falecido), possui ainda uma irmã que mora em Penápolis, Estado de São Paulo, a qual aos 92 anos, ainda trabalha em uma pizzaria naquela cidade. Acredito que Deus, certamente, presenteou a esta família com o dom da longevidade. Ao perguntar sobre as origens, ela me disse que é neta de Salustiana e Ladislau Pereira.
Mesmo com uma limitação, a qual lhe impede de ouvir bem aos seus interlocutores, ela me disse que no ano de 1926, conhecido como o ano da revolta, já era moça formada e que os revoltosos ( que nada mais era do que a coluna Prestes, liderada por Luis Carlos Prestes, conhecido como o Cavalheiro da Esperança. Um grupo armado que percorreram o Brasil de norte a sul, andando cerca de 27 mil quilômetros, a fim de convencer as pessoas a lutarem contra as atrocidades da Velha República, representada pelos presidentes Artur Bernardes e Washington Luís), lhes roubaram um cavalo de montaria e que as famílias corriam pra o mato com medo desses “justiceiros. ’’
Ao falar sobre os tempos modernos, ela afirma que as eras mudaram, e que antigamente, quando nascia uma criança é que os pais colocavam o nome. Hoje, entretanto, com os aparelhos de ultrassonografia, aos seis meses de gravidez já se coloca o nome na criança.
Perguntei a ela, qual o segredo para tanta longevidade, me disse que come, todos os dias, ovos cozidos e que é uma mulher de muita fé em Deus. Além disso, aos 107 anos completos, não tem nenhum inimigo e que esse é um valor ensinado por sua falecida mãe, ao qual ela pretende preservar até o dia da sua morte. Enfia agulha com facilidade, tira espinho de palma, vai ao mercado fazer compras e ainda frita torresmos, la pelas três da madrugada, já que acorda com fome, de vez em quando…
Disse-me, ainda, que já está cansada de viver e que tem pedido a Deus para vir lhe buscar. Discordei dela, argumentando que o nosso dia está determinado pelo Criador e que Ele sabe o dia e a hora em que partiremos daqui. Entendo perfeitamente, que as colocações feitas por ela têm base no Livro de Salmos, no número 90, versículo 10: Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos!
Apesar de saber pouca coisa sobre os seus antepassados, disse-me que a sua mãe era da família Mendes da Luz e que nascera na Fazenda Lagoa da Pedra em Pindai. Citou-me alguns parentes antigos, dentre os quais, D. Docha de Seu Antônio Pinto e o Tio Manoelzinho, esposo de Tia Ana Angélica, Sebastião Fernandes.
No mesmo dia, em que a visitei, o médico, Doutor Fred Mendes e o amigo Geraldo estiveram visitando para exames de rotina e, constatou que ela, mesmo nesta idade é acometida apenas por uma alergia. Não tem pressão alta, diabetes, colesterol alto, doenças que acometem as pessoas da era moderna. Dessa forma, D. Rosa, pequenininha no tamanho, mas grande em bondade, causa inveja a muitos jovens de nossa geração .
Por ser falante de um português mais antigo, ela, ao se comunicar, puxa o ER, ao pronunciar as palavras, Rio, Carro, por exemplo.
A esta grande guerreira, a minha sincera homenagem e os votos de vida longa, junto a aqueles que lhes querem bem.
Pindai-Bahia, 24 de março de 2019.”

Por: Uelton Borges da Silva