Salvador: professora da rede pública de ensino vive no aeroporto da capital baiana e sua história se confunde com a do ator Tom Hanks em filme

Uma história tem repercutido nas redes sociais e chamado a atenção nesta sexta-feira (30).O drama vivido pela brasiliense, Oceya de Souza, 55 anos e professora da rede pública da Bahia, tem despertado a atenção de quem transita pelo Aeroporto Internacional de Salvador. A professora que é graduada em letras e já lecionou em algumas escolas de Salvador, se tornou moradora do aeroporto há alguns meses.

As pessoas que frequentam o aeroporto têm percebido a presença da professora diariamente vivendo sem o mínimo de conforto. O taxista do aeroporto, Reginald Cohim, expôs nessa quinta-feira (29), a realidade vivida pela professora que tem estado desconfortavelmente naquele ambiente.

“É uma situação melancólica para uma mulher concursada. Agora, com o fechamento de uma parte do aeroporto, ela passou a dormir dentro do banheiro de deficientes”, lamentou. Cohim disse, ainda, que, às vezes, ela sai do aeroporto por algumas horas. “Parece que ela toma banho na estação rodoviária e retorna, usando o metrô”, contou. Mas não é só isso…

A reviravolta na vida da professora possivelmente aconteceu por ela ter desenvolvido uma fibromialgia, doença que lhe trouxe muitas dores no corpo e teria feito com que Oceya não tivesse condições de exercer suas funções. Reginald informou que a professora teria dito sobre a sua ausência das salas de aula por conta da doença e falo de processos judiciais gerados por conta disso.

“Ela disse que está, há alguns anos, sem receber salários e já não tinha mais como pagar aluguel. Eu comecei a pedir a colaboração dos colegas pra poder ajudar. A gente passou a dar alimentação e um deles conseguiu, inclusive, roupa da esposa e um cobertor”, disse o taxista.

De acordo com Reginald, algumas das instituições que Oceya trabalhou são por exemplo os colégios estaduais Raphael Serravalle, no bairro da Pituba, e o Thales de Azevedo, no Costa Azul.

Informado sobre o caso, o coordenador-geral do Sindicato dos Professores da Bahia,Rui Oliveira, disse que contactou a professora e que dará assistência jurídica e social. Disse ainda que sua situação funcional está sendo discutida com a Secretaria de Educação de Salvador (SEC). Houve por meio de nota, a confirmação pela SEC de que Oceya é servidora do Estado, admitida em 11/05/2000, onde atuou nos colégios estaduais David Mendes Pereira e Thales de Azevedo, e exerceu suas atividades até 31/03/2009.

Veja a nota na íntegra.

‘‘Depois de sucessivas licenças médicas e afastamentos por licença-prêmio, a servidora se ausentou de suas funções, ficando quatro meses fora da folha (de outubro/2009 a fevereiro/2010), em virtude da não reassunção após licença-prêmio. Esses pagamentos foram reestabelecidos em março de 2010, por força de antecipação de tutela por processo judicial (sob o nº 0001448-44.2010.8.05.0001), instaurado pela servidora contra o Estado.

Mesmo recebendo benefícios salariais, a professora continuou ausente de suas funções. Em 13/12/2013, Oceya de Souza formalizou solicitação à SEC de exoneração a pedido para cargo permanente, o que não foi concedido pela Secretaria por haver apuração de suposto abandono de cargo.

Em 2018, os salários foram suspensos porque a servidora não realizou o recadastramento obrigatório.
Em 2021, o processo judicial impetrado, em 2010, pela servidora Oceya de Souza contra o Estado foi julgado como demanda improcedente e o juiz determinou a extinção do mesmo com resolução do mérito, em 11 de março.

A SEC informa, ainda, a existência de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), nº 011.9462.2019.0038824-42, que se encontra na Junta Médica do Estado para execução de perícia médica. Em duas ocasiões, foram feitos dois agendamentos na junta médica para a execução da perícia com a servidora, mas a mesma não compareceu.’’

O drama vivido por Oceya se assemelha com a história de Viktor Navorski, interpretado pelo ator Tom Hanks, no filme ‘‘O Terminal’’, onde o jovem parte da Europa Central para Nova York no período em que seu país sofre um golpe de estado, fazendo com que seu passaporte seja invalidado. Na chegada ao aeroporto, o jovem fica sem autorização para entrar no país e sem a possibilidade de retorno, passando os dias a viver de forma improvisada no aeroporto.

Da redação do Acontece na Bahia