Médico que foi espancado após tentar alertar sobre risco de aglomerações conta que agressor era um familiar e que prestou um boletim de ocorrência

Uma triste notícia circulou nas redes nesta manhã de terça-feira (2) e causou comoção. O médico infectologista José Eduardo Mainart Panini, funcionário do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, desabafou nas redes sociais em um relato de agressão na última segunda-feira (1).

Na publicação em seu perfil do Instagram, o médico aparece com um olho roxo e a boca com um ferimento e afirma que os machucados foram resultado da tentativa de alertar “pessoas conhecidas” sobre os riscos da Covid-19. O caso ocorreu no município de Toledo, no Paraná.

No relato em sua publicação, Panini afirma: “Ao alertar os riscos a pessoas conhecidas, a resposta que me foi dada foram chutes e socos… enquanto um me segurava o outro me agredia”.

“Enfim, pessoas assim que ajudaram situação chegar onde está. O desânimo não vem. E junto com eles temos muita coisa boa, progresso, vacinas e tudo que vai fazer sairmos dessa pandemia. E aos trabalhadores da saúde muita força”, conclui.

Posteriormente, o médico afirmou ao site G1 que o agressor era um familiar e que o agrediu pois planejava uma festa e José Eduardo tentou avisá-lo sobre os riscos. ,

“Fomos tentar falar que era errado, que ele não deveria ir à balada e colocar em risco a saúde de ninguém, e ele já partiu para cima de mim. Até que chegou um amigo dele, que estava no carro o esperando, me segurou no chão, me deu um mata-leão, apertando muito meu pescoço, enquanto esse familiar me agredia. Minha esposa, que também é médica, também foi agredida com um soco”, relatou

“Eu cheguei em casa depois de passar o dia em reunião justamente vendo que a situação da pandemia tinha piorado muito. Daí veio esse familiar, que mora com idosos, e falou que ia desrespeitar tudo. Fui agredido por tentar alertar sobre a atual situação da pandemia e por uma pessoa que realmente não se solidariza com o que está acontecendo. Dói, mas sinto que estou do lado que zela pela vida”, afirmou o médico, emocionado.

Assim, o homem afirmou ter ido na delegacia para registrar um boletim de ocorrência, após a postagem ter viralizado nas redes sociais. A sua esposa, que também foi agredida, já havia prestado o BO na polícia Civil de Toledo no dia anterior. Agora, ele passará pelo exame de corpo de delito na terça-feira (2).

“Não queria que o impacto fosse tão grande, então acabei não indo em um primeiro momento, mas diante da situação resolvi falar mesmo. É chata toda situação, mas penso que depois disso vou ter ainda mais ânimo para trabalhar porque está cheio de pessoas assim e elas precisam entender que estão erradas. Me sinto mais forte ainda para trabalhar na causa e torço para que a gente possa logo sair dessa pandemia”, afirmou ele.

Da redação Acontece na Bahia.