Jovem indígena supera desafios e se torna a primeira médica indígena do MS para realizar desejo de sua mãe

Uma ótima notícia tem sido destaque nas redes sociais nesta quarta-feira (10). Dara Ramires, filha de Dario Ramires e Zeni Lemes, se tornou o orgulho da família e encheu de esperança a aldeia onde morou. Estudante de escola pública desde muito cedo, a jovem sempre mantinha uma rotina organizada tanto nos estudos quanto na distração. Iniciou a faculdade em 2015 na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)e seis anos depois já formada, a médica atendia aos moradores na aldeia de Te’yikue em Caarapó no posto de saúde local falando em língua nativa. “Havia horário de brincadeiras e de cumprir minhas tarefas diárias. Quando paro para pensar, lembro da minha infância com muita alegria, brincadeiras e jogos”, lembra a médica. 

Seguindo os passos do pai, Dara desenvolveu habilidades futebolísticas e precisou se mudar para Dourados em função do esporte onde chegou a disputar alguns campeonatos locais. Chegou a passar em teste feito para jogar futebol em Campo Grande posteriormente no Atlético Mineiro. 

Por influência da mãe que sempre dizia que a filha seria uma médica, Dara seguiu o conselho: “Não me lembro quando me apaixonei pela área, mas sempre quis ser médica desde pequena”, afirmou. 

Sobre a saúde nas aldeias a jovem afirma que existe muito a ser conquistado ainda: “Creio que a Saúde indígena já foi mais precária, mas que vem melhorando aos poucos com as lutas diárias dos patrícios. Não sei como é a situação em outras aldeias, mas tenho certeza que há muito o que melhorar ainda”, destaca. 

Existem tipos diferentes de medicina como a ancestral por exemplo e sobre como trabalhar as diferentes vertentes a médica ressalta; “Creio que cada pessoa tem sua fé, suas crenças e isso com certeza ajuda a lidarem com as enfermidades. E isso não é diferente para nós. Temos nossas crenças e eu não deixo isso de lado em um atendimento, eu tento ver qualquer paciente, independente se é indígena ou não, como pessoa, visualizando tudo do paciente, enxergando-o como um todo, a fim de aplicar uma medicina humana e também baseada em evidências”, comenta. 

Se tratando da covid 19 e a resistência à vacina na aldeia, a médica emite opinião: “em todo lugar, não só nas aldeias”. “Com certeza, vem devido à falta de informação e falsas informações disseminadas sobre a nossa atual situação. Creio que com o tempo, após conversas, orientações e principalmente paciência, aos poucos iremos alcançar a meta de vacinação”, afirma. 

Questionada acerca de objetivos profissionais em relação à aldeia a jovem destaca: “Meu objetivo é atender bem a população indígena, ofertando atendimento de qualidade. Conheço a nossa realidade dentro da aldeia e, como indígena, quero atender as necessidades de cada um da melhor forma possível. E mostrar aos jovens que sonhos se tornam realidade quando há persistência, disciplina e dedicação”. 

Dara Ramires, de apenas 26 anos, comenta que se sente realizada sobretudo por ter conseguido realizar também o sonho de sua mãe: “Tudo que eu sou hoje, devo a ela e meu pai. Eles são os responsáveis por todos meus feitos até hoje. Sempre me apoiaram em tudo que eu quis fazer, sempre acreditaram que eu era capaz de tudo, bastava querer e eles iriam me ajudar”, diz emocionada. “Tudo que sou, sou por causa deles. Não tenho palavras para expressar meu agradecimento a eles. Deus foi/é muito bom comigo. Sou muito abençoada de ter uma família assim”, concluiu a médica.  

Da redação do Acontece na Bahia