Ao não seguir médico e mentir para a família, mulher morre sem sequer acreditar que estava doente

Uma família teve que enfrentar uma perda que poderia ter sido evitada. Apesar dos recorrentes esforços das filhas, a mãe não quis acreditar nos riscos, ignorou o médico e mentiu para as filhas.

A professora Adriana Avanci, de Ribeirão Preto, fez um relato que tomou as redes sociais. As informações e falas foram ditas por Adriana em conversa com o portal Globo. Adriana afirmou que a mãe dela, a dona Maria das Graças, de 71 anos, morreu sem acreditar que estava doente.  Segundo Adriana, Maria praticamente só consumia conteúdo relacionado a fake news e a Bolsonaro.

De acordo com a professora Adriana, a mãe custava a acreditar nos riscos da doença e sempre relutava para usar máscaras, por exemplo. Contudo, como ela enfrentava um quadro depressivo, as filhas não podiam deixá-la totalmente isolada e insistiam para que ela cumprisse as medidas preventivas. Então, após uma fisioterapeuta amiga de Adriana testar positivo para a doença, a família também foi submetida ao teste e tiveram diagnóstico positivo. Ao ir ao médico depois de Adriana insistir muito, Maria voltou afirmando que o doutor havia dito que ela estava “ótima” e que havia perdido tempo indo na consulta. Em seguida, Adriana disse que a mãe retomou o discurso:

“Ela falou assim pra mim: ‘Te enfiaram Covid. Não é Covid. Te deram esse atestado porque os hospitais e os médicos ganham muito dinheiro para falar que você tem Covid. Então eles vão pôr que você tem Covid mesmo. É o seguinte, você e seu marido são muito fracos. Não me liga mais. Se você estivesse com câncer, eu ia ter dó de você. Mas você tá com gripezinha se fazendo de mole. Então não me liga mais’.”

“Nossa, eu fiquei tão brava… Eu liguei de novo depois de uns dias. Na ligação, eu vi que ela estava diferente. Ela estava pálida e suando. ‘Mãe, a senhora não foi ao hospital, mãe?’. ‘Eu estou ótima’. Falei: ‘Mãe de Deus, eu estou vendo a senhora desmanchando aí na cama de calor’. ‘Você vai começar com esse assunto, eu vou desligar o telefone.”

Algum tempo depois disso, a mãe teria mandado um áudio para uma prima da filha dela afirmando que estava morrendo, que estava com muita dor nas costas e que os filhos não ligavam para ela. Sabendo do estado da mãe, Adriana foi às pressas para a casa dela para levá-la ao hospital. Mesmo após a internação, Maria continuou relutante a acreditar na doença. Segundo a filha Adriana, ela acreditava que os enfermeiros “iriam matá-la” e assim ganhariam dinheiro afirmando que era covid. Depois de algum tempo internada, Maria foi perdendo as forças e acabou precisando ser intubada e ir para a UTI. Depois de cerca de uma semana, ela não resistiu.


A Mentira

Ao chegarem na casa da mãe após a partida dela, os filhos descobriram que ela havia mentido. Isso porque, eles encontraram a receita dada pelo médico, com várias instruções e medicamentos, ou seja, o médico não havia dito que ela estava “ótima”. A filha Adriana afirmou:

“Depois de um tempo, meu irmão foi lá na casa dela. Chegou lá mexendo nas coisas dela. O que ele acha? A receita. Ela falou que o médico tinha falado que ela estava ótima, maravilhosa. Mas ele deu tudo para ela tomar. Tudo. Ele falou para ela o que ela tinha que fazer. E ela optou por não fazer. Aí é aquela revolta… Ela não acreditava nos filhos. Eu falava isso para ela. Falei: ‘A senhora acha que eu quero o seu mal e que essas pessoas do Youtube, que eu nem sei quem são, te amam.” Por fim, Adriana espera que a história possa salvar a vida de outras pessoas. Ela disse:

“Ao mesmo tempo que eu me culpo porque eu acho que ela pegou de mim, eu acho também que, se ela tivesse se [cuidado]… Se tudo pudesse ser diferente, sabe? E se ela tivesse acreditado? E se ela tivesse confiado em nós? E se eu não tivesse pego ela na casa dela? E se eu deixasse ela sozinha? É tudo um ‘se’ agora[…]Se eu não pude salvar a minha mãe, eu espero que eu consiga salvar uma [outra pessoa com essa história]. Que entenda a importância de pequenos detalhes.
O povo acredita na palavra de tal político, de tal pastor… Eles acreditam em tudo, menos na ciência. Eu acho que as pessoas tinham que olhar para esse tanto de mortes. É uma gripe? É uma gripe. Mas ela não é uma gripe comum. Ela é uma gripe que mata.”

Da Redação do Acontece na Bahia.