Processo de beatificação de agricultora baiana começa nesta sexta; conheça Maria Milza

Processo de beatificação de agricultora baiana começa nesta sexta

A primeira etapa do processo de beatificação de agricultora baiana Maria Milza dos Santos Fonseca, que poderá se tornar a segunda santa da Bahia, terá início na sexta-feira (15), em Itaberaba, cidade a cerca de 163 km de Feira de Santana.

A cerimônia será realizada às 9h30, no Santuário Diocesano da Caridade Nossa Senhora das Graças, e será presidida por Dom Estevam dos Santos Silva Filho, bispo da Diocese de Ruy Barbosa. O evento marca oficialmente a fase diocesana do processo de beatificação de agricultora, autorizada pelo Vaticano em Roma.

Nesta etapa inicial, serão reunidos documentos, testemunhos e evidências sobre a vida e virtudes de Maria Milza. Após a sessão de instalação, será celebrada a Santa Missa da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que também homenageará os 102 anos de nascimento da religiosa.

Como funciona o processo de beatificação de agricultora

A Comissão Histórica responsável será coordenada pelo historiador Vinícius Santos da Silva, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O grupo terá a função de analisar relatos, documentos e escritos relacionados a Maria Milza, verificando possíveis graças ou milagres atribuídos à sua intercessão.

Um relatório detalhado será elaborado e encaminhado ao Vaticano. Caso as virtudes heroicas sejam reconhecidas e haja comprovação de um milagre, Maria Milza poderá ser declarada beata. Para a canonização, será necessário um segundo milagre, ocorrido após a beatificação de agricultora.

O processo segue as normas do Dicastério, publicadas em 1983, que orientam as Inquirições feitas pelos Bispos nas Causas dos Santos.

Quem foi Maria Milza

Maria Milza nasceu em 15 de agosto de 1923, no povoado de Alagoas, em Itaberaba. Filha caçula de 12 irmãos, cresceu em um lar de agricultores e ficou conhecida por sua vida de oração, solidariedade e auxílio aos mais necessitados.

Ela dividia alimentos com famílias em situação de vulnerabilidade, visitava doentes levando remédios e conforto espiritual e alfabetizava crianças com cartilhas católicas. A residência onde morava, conhecida como Casa de Mãezinha, tornou-se um memorial que recebe devotos que relatam graças alcançadas por sua intercessão. Maria Milza faleceu em 17 de dezembro de 1993.

Em fevereiro de 2025, o Vaticano autorizou oficialmente o processo de beatificação de agricultora, e Maria Milza passou a ser chamada de Serva de Deus.

Legado e devoção

Há registros de que Maria Milza manteve contato espiritual com Irmã Dulce, primeira santa brasileira. Entre os dias 19 e 21 de setembro de 1990, Milza visitou Irmã Dulce, que já estava acamada, fortalecendo uma relação de respeito e afinidade espiritual. Ambas compartilhavam uma vida dedicada à caridade e ao cuidado com os pobres, servindo como referência de amor ao próximo.

A Casa de Mãezinha funcionou como ponto de acolhimento para doentes, romeiros e pessoas em busca de orientação e orações. Muitos devotos relatam que ali encontraram conforto espiritual e ajuda material. Com o tempo, a crescente manifestação de fé popular e a valorização da trajetória de Maria Milza resultaram na transformação da residência em Memorial Maria Milza, preservando sua memória e acolhendo devotos de toda a Bahia.

Segundo a Irmã Cláudia Conceição, da Comissão Histórica do Santuário, o memorial testemunha a fé e a gratidão expressas em objetos e mensagens, reafirmando a importância de Maria Milza para a comunidade local e o legado que a beatificação de agricultora pretende reconhecer.

Fonte: G1
Foto: Reprodução Raica Beatriz/Pascom-Diocesana de Ruy Barbosa